Por: André | 23 Fevereiro 2015
Um grupo de padres e diáconos da cidade de Osorno, ao sul do Chile, solicitou a intervenção do núncio apostólico para obter a anulação do recém nomeado bispo dessa cidade, Juan Barros Madrid, acusado de acobertar um padre condenado pelo Vaticano por abuso de menores.
A reportagem é da agência The Associated Press, 19-02-2015. A tradução é de André Langer.
O pedido dos padres se soma a uma carta assinada por cerca de 50 deputados chilenos entregue esta semana à Embaixada do Chile em Roma pelo deputado Fidel Espinoza, para que seja remetida ao Vaticano com o mesmo propósito.
A nomeação de Barros pelo Papa Francisco aconteceu na primeira semana de janeiro.
Barros era próximo do padre Fernando Karadima, que foi punido pela Congregação para a Doutrina da Fé a uma vida de “penitência e oração” após ser culpado de abusos sexuais de menores. Os tribunais chilenos arquivaram o caso porque os crimes prescreveram, embora a juíza do caso tenha sentenciado que os abusos “são verídicos e fidedignos”.
Uma das vítimas de Karadima, Juan Carlos Cruz, em declarações à imprensa, afirmou que Barros chegou a ir ao Vaticano para defender o seu amigo.
Segundo o sítio chileno SoyChile, os religiosos fazem alusão a uma primeira carta enviada à nunciatura que ficou sem resposta. Espinoza disse esta semana de Roma à Rádio Cooperativa que eles também entregaram uma carta à representação diplomática do Vaticano em Santiago, mas que só foram atendidos “pela senhora que faz a limpeza”.
“Só podemos dizer que inúmeros fiéis, sacerdotes e diáconos sofrem neste momento muita tribulação, pois não se sentem acolhidos, menos ainda compreendidos pela hierarquia da nossa Igreja”, dizem cerca de 30 religiosos e leigos em sua carta, segundo o sítio chileno.
“Por tudo o que foi publicado sobre o sr. bispo escolhido, que não é desmentido pela Igreja de forma enfática, convincente e pública, solicitamos a você, sr. Núncio Apostólico, que procure a renúncia do sr. bispo Barros como bispo de Osorno”.
O padre jesuíta Felipe Berrios disse, no começo do mês, que talvez o próprio núncio Ivo Scapolo tenha sugerido ao papa a nomeação de Barros. Especulou que “ele disse ao papa que este (Barros) era o bispo para Osorno. E o papa vai saber mais detalhes?”
Cruz disse no seu Twitter que o recém nomeado “beijava e acariciava Karadima, via abusos, acobertava e destruía pessoas; hoje, Juan Barros é nomeado bispo de Osorno. Inacreditável!”
A Conferência dos Bispos do Chile não se manifestou sobre o tema.
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Padres rechaçam nomeação de bispo chileno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU