Por: João Conceição e Marilene Maia | 17 Julho 2017
A Ecofeira Unisinos, realizada no Campus de São Leopoldo, completou um ano no mês de junho. A Feira vai além da mostra e comercialização de alimentos e consumo consciente. O seu espaço propõe a informação e a formação para o desenvolvimento local, regional e sustentável, tendo como centralidade a alimentação.
Com o intuito de promover a análise e o debate sobre estas realidades que compõem a Ecofeira, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, acessou os dados do Censo Agropecuário de 2006 sobre o perfil dos produtores agropecuários para a região do Vale do Rio dos Sinos.
Os dados apontam para concentração de áreas em alguns municípios, especialmente em Nova Santa Rita, e no município de Portão com o maior número de estabelecimentos agropecuários. Esses produtores, que na sua maioria (87,99%) são homens, adquiriram esses estabelecimentos por meio de compra particular ou por herança recebida. Os dados também apontam para um perfil de produtores agropecuários com experiência (10 anos ou mais) e baixo grau de instrução.
Estamos às vésperas da realização de mais um Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. A pesquisa realizada a cada dez anos deveria ter sido feita em 2015. Foi adiada pelo IBGE por conta dos cortes de gastos do Governo Federal. A partir deste limite, o questionário do próximo Censo Agropecuário ficou mais enxuto, comparado ao Censo de 1996.
Entre os itens que foram enxugados do Censo Agropecuário estão questões sobre a agricultura familiar, o uso de agrotóxico e a raça das pessoas. O IBGE diz que o Censo precisou ser redesenhado diante do corte do orçamento da pesquisa. O montante de recursos liberados pelo Governo Federal foi de R$ 505 milhões, o que é considerado pelo Instituto abaixo da metade do que seria necessário. Ainda assim, apesar da dificuldade financeira, serão seguidas todas as recomendações internacionais para preservar as informações essenciais.
Conforme os dados censitários de 2006, o Vale do Sinos possuía 2.234 estabelecimentos de produtores agropecuários. Somente os estabelecimentos de produção agropecuária de produtores individuais foram responsáveis por 2.127 estabelecimentos. O município de Portão possuía naquela época 554 produtores individuais. Esse fato não reflete na área (ha) da produção no município de Portão. A maior concentração de área de produção agropecuária aconteceu no município de Nova Santa Rita (10.537 ha), enquanto Portão possuía 3.052 ha.
A segunda maior forma de organização dos produtores agropecuários no Vale do Sinos acontece por meio de condomínio, consórcio ou sociedade de pessoas, com 55 estabelecimentos. Assim como possuía o maior número de estabelecimentos de produtores individuais, o município de Nova Santa Rita em 2006 tinha o maior número de estabelecimentos por condomínio, consórcio ou sociedade de pessoas.
A terceira forma de organização acontece por meio de sociedade anônima ou por cotas de responsabilidade limitada, com 43 estabelecimentos no Vale do Sinos. Os municípios de Portão, Sapiranga e Nova Santa Rita se destacam nessa forma de organização dos produtores agropecuários.
O principal meio de obtenção das terras pelos produtores agropecuários na região acontece principalmente através da compra particular e pela herança recebida. O município que se destacou com o maior número de produtores agropecuários pela compra particular foi Portão (375), enquanto a obtenção por herança foi maior no município de Novo Hamburgo, com 169 produtores.
Outra informação é a participação dos homens e das mulheres na produção agropecuária. Ao total eram 2.427 produtores, sendo 2.135 produtores agropecuários homens (87,99%) e 292 produtoras agropecuárias mulheres (12,01%). 2.234 produtores e produtoras (61,77%) estavam há 10 anos ou mais na direção dos trabalhos nos estabelecimentos agropecuários no Vale do Sinos. A maior parte dos produtores homens (1.342) possuíam o ensino fundamental incompleto em 2006, enquanto 356 possuíam ensino fundamental completo e 207 tinham ensino médio completo. Apenas 48 possuíam formação específica na área agrícola, como engenheiro agrônomo, veterinário, zootecnista e engenheiro florestal. No que se refere às mulheres, 164 possuíam ensino fundamental incompleto, 55 ensino fundamental incompleto, enquanto apenas 4 possuíam formação específica em técnicas agrícolas.
Acesse aqui as informações completas do Censo Agropecuário de 2006 para o Vale do Sinos.
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Breve sistematização do perfil dos produtores agropecuários no Vale do Sinos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU