47ª Romaria da Terra acontecerá em Arroio do Meio, RS. Entrevista especial com Arnildo Fritzen e Alfonso Antoni

Arte: Marcelo Zanotti

01 Março 2025

“No chão sagrado dos vales do Rio Taquari, do Rio Pardo e do Rio Jacuí, os clamores das pessoas e comunidades atingidas ainda ressoam, mesmo em meio ao rumor das iniciativas de reconstrução. As lágrimas derramadas pelas perdas humanas, culturais e econômicas continuam brotando, mesmo que não sejam mais visíveis e audíveis na grande mídia. A terra desnudada e os rios assoreados continuam expondo suas feridas e convocando-nos a tratá-los mais como companheiras do que como fontes de lucros e cloacas de dejetos”. Com essas palavras, dom Itacir Brassiani, bispo da diocese de Santa Cruz do Sul, resume a realidade socioambiental das famílias e territórios que foram amplamente atingidos pelas enchentes que devastaram mais de 60% do Rio Grande do Sul na maior catástrofe climática do estado em maio do ano passado.

Partindo dessa realidade socioambiental, a Diocese de Santa Cruz do Sul celebrará a 47ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, nesta terça-feira, 04-03-2025, a partir das 7h da manhã. Neste ano, segundo o padre Alfonso Antoni, a Romaria vai abordar o cuidado da Casa Comum à luz da crise climática. A Romaria pretende discutir e refletir sobre a questão climática, especialmente a partir das catástrofes climáticas que vivemos em grande parte do Rio Grande do Sul e, particularmente, na região do Vale do Taquari em 2023 e em 2024. No ano passado, a região do Vale do Taquari foi, mais uma vez, duramente atingida pela força destrutiva, tanto dos rios como dos deslizamentos. O tema proposto para esta Romaria é “reconstruir e cuidar da Casa Comum, com fé, esperança e solidariedade”. O encontro, sublinha, também “é uma grande manifestação pública da Igreja gaúcha de solidariedade às famílias atingidas pelas enchentes”.

45ª Romaria da Terra no Assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul (Foto: Leandro Molina | Brasil de Fato)

De acordo com dom Itacir, “a escolha do lugar deste encontro de fé, solidariedade e esperança nunca é arbitrária nem casual”. Ele recorda que “a diocese de Santa Cruz do Sul foi uma das mais atingidas pelos eventos climáticos extremos que se abateram sobre o Rio Grande do Sul em setembro de 2023 e maio de 2024”. Arroio do Meio é uma das cidades que mais sofreram e sofrem com a catástrofe preparada pela irresponsabilidade humana. O encontro, realizado sempre na terça-feira de carnaval, reúne setores cristãos e sociais, “ecumenicamente, para celebrar a memória de Sepé Tiaraju (1733-1756) e a luta que herdamos dele e dos Guarani por uma terra repartida e habitável”, informa.

Para o padre Arnildo Fritzen, que participa das romarias desde a primeira, esta terá um significado particular, pois retoma o objetivo inicial das Romarias da Terra, iniciadas no Rio Grande do Sul em 1978, em São Gabriel: “ir ao encontro dos que estão sofrendo e lutando para conseguir uma vida digna”. A romaria, explica, é inspirada biblicamente no livro do Êxodo e, na prática, na luta e memória de Sepé Tiaraju e 1.500 índios que foram assassinados defendendo o território gaúcho da colonização espanhola. Sepé Tiaraju era o chefe indígena dos Sete Povos das Missões e liderou uma revolta contra o Tratado de Madri no século XVIII, na resistência à demarcação imposta por portugueses e espanhóis que os expulsavam de suas terras, as Reduções Jesuíticas.

46ª Romaria da Terra em Ipê, na diocese de Vacaria (Foto: Victor Frainer | Brasil de Fato)

Segundo dom Itacir, “reconstruir a Casa Comum com fé, esperança e solidariedade” é o compromisso que guiará esta grande celebração que pretende reunir, lado a lado, a Igreja sofrida, que ainda chora a dor de perdas irreparáveis, e a Igreja solidária, que não se nega a repartir recursos, estender a mão e pisar na lama para socorrer seus irmãos. Esta Romaria quer ser o encontro samaritano das comunidades, terras e cidades arrasadas com as pessoas, comunidades e organizações que não desviaram o olhar para passar adiante”.

A seguir, publicamos as entrevistas dos padres Arnildo Fritzen e Alfonso Antoni, concedidas ao IHU por WhatsApp. Eles relembram a história e a trajetória da Romaria da Terra e explicam a proposta do encontro deste ano.

Arnildo Fritzen (Foto: Reprodução)

Arnildo Fritzen é natural de Nova Boa Vista/RS. Estudou no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Taquara, no Seminário Nossa Senhora de Fátima, em Erexim, e no Seminário Imaculada Conceição, em Viamão. Foi ordenado em 1971. Desde 1978, acompanha a luta pela terra e teve atuação marcante na formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Alfonso Antoni (Foto: Reprodução Alto Taquari)

Alfonso Antoni é natural de Vila Teresinha, interior de Venâncio Aires/RS. Formou-se em Filosofia no Seminário em Viamão, na Faculdade Imaculada Conceição, e em Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Foi ordenado em 1993. Desde 2013, é pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Arroio do Meio.

Confira as entrevistas. 

IHU – Como surgiu a Romaria da Terra? Qual é a origem dessa peregrinação que se repete há 47 anos?

Arnildo Fritzen – As Romarias da Terra, no Rio Grande do Sul, começaram em 1978, em São Gabriel, quando um grupo de religiosos e liderança populares se reuniu no local onde Sepé Tiaraju e 1.500 índios foram mortos, defendendo o Rio Grande do Sul. 

Olhando a nossa história, é importante termos presente que Espanha e Portugal e seus impérios estavam querendo anexar o Rio Grande do Sul à Colônia de Sacramento, portanto, à Colônia Espanhola. Os índios se levantaram em defesa dessa terra. Com isso vem a famosa frase do Sepé Tiaraju, cuja bandeira carregamos com tanto entusiasmo. Sepé Tiaraju se levantou e bradou em alto e bom som: “Esta terra tem dono, só Deus e o Arcanjo São Miguel podem nos tirar esta terra”. Isto custou sua vida e a de outros 1.500 índios.

Nós nos reunimos no dia 7 de fevereiro de 1978, no carnaval, dia em que aconteceu essa batalha e a morte, portanto, de Sepé e dos indígenas, para trazer e celebrar esta memória: deram a vida pela Santa Mãe Terra. O sangue derramado sobre essa terra fez brotar, para nós, a liberdade, a vida e a possibilidade de nascermos e crescermos nesta terra tão badalada e famosa dos gaúchos. Essa foi a primeira Romaria. Desde então, seguimos com a ideia de celebrar a data do martírio de Sepé, dos que estão na luta pela defesa da terra, da divisão e da partilha da terra e de um lugar para todos os cidadãos.

O critério original da Romaria da Terra é irmos a locais onde existem lutas concretas, povos se organizando em defesa da terra e da vida. Por isso que as primeiras cinco romarias foram em torno da luta dos indígenas. Depois, com a retomada da luta pela terra no Rio Grande do Sul, fomos para Encruzilhada Natalino, onde tinha um grande acampamento que enfrentou diversas torturas do Exército do Coronel Curió [Sebastião Curió Rodrigues de Moura] e outros tantos enviados especiais da ditadura militar para desmanchá-lo.

A Romaria foi realizada na localidade em 1982, quando os bispos, juntamente com os pastores evangélicos da igreja de confissão luterana, anunciaram a partilha das igrejas para conseguir comprar uma terra fora da beira da estrada a fim de refazer as forças do acampamento, para que continuassem a luta em favor do direito da terra para todos.

Foi lindo! Em 1982, celebramos essa decisão da partilha das igrejas com a compra da área, posteriormente batizada de Nova Ronda Alta, terra prometida. Foi como o deserto por onde o povo de Deus passou para refletir e descobrir a razão do porquê estávamos sem terra, para depois poder levar a luta adiante. A Romaria começa com esse espírito.

IHU – Com que motivação nasceu a Romaria da Terra?

Alfonso Antoni – O pano de fundo da Romaria da Terra é sempre a terra, a luta pela terra, especialmente dos pequenos agricultores e dos sem-terra, para que haja uma justiça agrária. A Romaria da Terra nasce com essa motivação: sempre ligada à terra. Com o passar do tempo, ela foi agregando aspectos ligados à questão da produção, da agroecologia, das mulheres e outras questões ligadas à vida, especialmente dos pequenos agricultores.

IHU – O senhor acompanha as romarias desde 1978. O que lembra e poderia destacar de mais importante dessa trajetória de quase meio século? 

Arnildo Fritzen – Eu gostaria de olhar com carinho para as 46 edições. Agora, vamos para a 47ª Romaria. É importante motivar as pessoas a participarem porque a Romaria é um soro na veia dos enfraquecidos. Os pobres, organizados ou um pouco desorganizados, participando da Romaria, fazem a mesma coisa que um doente ou enfraquecido quando recebe um soro em suas veias: reanima o organismo todo, fortalece e abre os horizontes. O essencial é que as pessoas começam a aprender a caminhada libertadora já percorrida pelo povo da Bíblia, que ilumina nossa caminhada em qualquer tempo da história. O livro do Êxodo é, sem dúvida, o grande inspirador.

Na leitura do texto do Êxodo 3, 7-12, quando Deus viu o clamor dos oprimidos, seu povo, o grito das crianças e a dor dos sofridos, ele desce – veja que palavra forte  e vem ao encontro do seu povo. Olha a situação, sente a dor de todos e toma uma decisão importante. A decisão de libertá-los da escravidão do Egito. Assim, chama Moisés para fazer a negociação da libertação com o faraó. Essa é a pedagogia de que desde lá, e sempre, será o caminho por onde o trabalho pastoral e de libertação deve começar e continuar sempre.

Descer, ir ao encontro dos oprimidos, ajudá-los a se sentirem valorizados, a ver que não estão sozinhos e que é possível caminhar se organizando e se unindo. Assim como é possível se libertar da escravidão e conquistar a terra prometida. Essa terra prometida que, em cada circunstância, representa uma melhora da vida, seja no âmbito urbano ou rural. É tão bonito! Sempre nos inspiramos nesse texto bíblico em toda a caminhada, desde que se retomou a luta pela terra.

Lembro muito bem quando lemos esse texto a um grupo de pessoas que havia sido expulso da área indígena de Nonoai e Planalto. As pessoas se encontraram e diziam claramente: "Nós somos este Moisés, devemos nos organizar e negociar". Assim foram dados os primeiros passos da retomada da luta pela terra no Rio Grande do Sul.

Olha que coisa linda. Agora, celebrando Sepé Tiaraju nas Romarias, estamos recordando os que estão envolvidos nesse caminho, a começar por Sepé Tiaraju e os indígenas que nos defenderam em 1756. Eles tombaram, mas ressuscitaram na luta dos sem-terra, dos que foram expulsos das áreas indígenas, dos colonos, que, por causa do sistema de produção para a exportação que foi introduzido pela ditadura militar, não podiam mais comprar terra. Esta retomada é a ressurreição de Sepé Tiaraju e dos indígenas. E é por isso mesmo que estamos buscando o reconhecimento de Sepé Tiaraju como Santo das causas populares e da luta pela terra.

IHU – Qual é a proposta da Romaria deste ano?

Arnildo Fritzen – Este ano, retornamos para um lugar onde há um grande sofrimento e uma luta em defesa da terra, da ecologia e também da recuperação e da reconstrução de todo o estrago feito pelas enchentes. Voltamos ao original das Romarias da Terra: ir ao encontro do povo sofrido que luta em defesa da vida da Santa Mãe Terra, para reconstruir e refazer. Por isso, o lema da nossa Romaria é tão claro: Reconstruir, cuidar da nossa Casa Comum com fé, esperança e partilha.

Alfonso Antoni – Tendo presente esse tema de fundo, a Romaria de 2025 tratará da questão climática. Pretende discutir e refletir sobre a questão climática, especialmente a partir das catástrofes climáticas que vivemos em grande parte do Rio Grande do Sul e, particularmente, na região do Vale do Taquari em 2023 e em 2024. Ano passado, a região do Vale do Taquari foi duramente atingida pela força destrutiva, tanto dos rios como dos deslizamentos. Então, a Romaria vai tratar da questão climática ligada à questão ambiental, especialmente no sentido do cuidado da Casa Comum. O tema proposto para esta Romaria é: Reconstruir e cuidar da Casa Comum, com fé, esperança e solidariedade.

O Vale do Taquari e, especialmente a cidade de Arroio do Meio, foi escolhido em função da tragédia climática que vivemos aqui. A proposta é colocar as pessoas em contato com a beira do rio, com a cidade ainda muito destruída e bairros totalmente destruídos.

Muitas pessoas ainda não viram os estragos que as enchentes provocaram, então, as pessoas que participarem também poderão colocar os pés nessa realidade: sentir e vivenciar a destruição, o sofrimento e a dor que o povo está passando. Na cidade de Arroio do Meio estão representadas todas as cidades, as pessoas e famílias que foram atingidas pelas enchentes. Por isso, o aspecto de vivenciar e sentir essa realidade dramática da destruição, da dor e de vida que se continua vivendo. 

Junto à dor, também propomos a reconstrução. A Romaria acontece em um momento de celebração da solidariedade – temos enfatizado isso. É a grande mobilização da solidariedade e da partilha que se viveu ao longo das enchentes e no pós-enchente que queremos celebrar na Romaria. A Romaria quer ser esse grande abraço às famílias, tanto de agricultores como das pessoas que vivem nas cidades e que foram atingidas pelas enchentes. É um grande abraço para dar força às pessoas que continuam vivenciando muita dor e sofrimento, mas lutam para se reerguerem e reconstruírem tanto as famílias quanto as próprias cidades. A Romaria quer ser esse grande abraço de solidariedade, essa grande celebração da solidariedade.

IHU – Devido à gravidade da tragédia climática do ano passado no RS, Arroio do Meio é um símbolo de luta e recuperação. Qual o significado da Romaria neste contexto?

Arnildo Fritzen – Há um significado maior de a Romaria de 2025 ser em Arroio do Meio, no Vale do Taquari. Estamos retomando o objetivo inicial das Romarias da Terra: ir ao encontro dos que estão sofrendo e lutando para conseguir uma vida digna. Esta é a figura do Vale do Taquari, grande Porto Alegre, região Sul, em todo o estado, onde as enchentes atingiram tantas pessoas e em tantos lugares diferentes.

A Romaria é ir ao encontro dos que estão indo no caminho da reconstrução e nisto está o objetivo desta Romaria: reconstruir e, daqui para frente, cuidar da natureza. Nós entramos também no mesmo caminho da Campanha da Fraternidade, em que toda a Igreja é chamada a se voltar com carinho para a Casa Comum, a casa que Deus nos deu de presente, a Casa Comum de toda a humanidade e de todos os seres.

Vamos ao encontro onde essa casa foi duramente atingida. Há inúmeros deslocados e tantos outros que morreram e os que estão desaparecidos até hoje. A Romaria vai ao encontro para reanimar as pessoas que lá estão e dizer: viemos aqui para trazer nossa solidariedade. No ano passado, a grande maioria da população, seja do estado, seja do país ou do exterior, se motivou para a partilha de objetos, alimentos, roupas e outras coisas materiais. Agora, o convite é para irmos pessoalmente levar solidariedade. Levar comida ou objetos não é tão difícil. Em cada momento de enchente ou desastre, as pessoas têm mais facilidade de se comover ou partilhar as coisas materiais. A Romaria é o momento de irmos pessoalmente dizer que somos irmãos, que queremos estar junto a vocês, que o que nos une é nossa fé.

Caminhar todos juntos nos inspira sempre na caminhada do povo de Deus, que, desde a saída do Egito, percorreu o caminho rumo à terra prometida. Esse é o sentido maior para irmos até Arroio do Meio, no Vale do Taquari.

Que bom estarmos sempre atentos aos clamores do povo. Onde há sofrimento, os gritos de dor, lá devemos estar nós. Com alegria também espero que as próximas Romarias da Terra possam seguir o que foi a original. Que possamos estar nas regiões onde há dores, onde tem pessoas lutando pelos direitos. 

Já lutamos ao lado das pessoas contra as barragens e continuamos nesse mesmo caminho, apoiando as lutas onde o povo se esforça em busca da terra prometida e em construção de um mundo melhor. Vamos celebrar a caminhada. A Eucaristia é o que vai nos fortalecer e, por isso, todos os que seguem Jesus têm seu lugar em uma Romaria dessas.

São convidadas as dioceses de todos os estados, os padres, pastores e todas as igrejas comprometidas com o povo em busca de uma vida melhor. Queremos convidar todos os cristão e pessoas de boa vontade para, neste dia, fazer memória a Sepé Tiaraju que, no meio do povo, já é considerado e invocado como santo, mas que ainda está em processo [canonização] para ser reconhecido como tal pela nossa Igreja.

Em torno desses mártires da luta pela terra, por tantos que tombaram lutando pela terra, e os que agora foram duramente castigados por essa enchente, vamos celebrar com eles e nos alimentar com a Eucaristia, fortalecendo-nos para continuar nossa caminhada. Reconstruindo a Casa Comum, cuidando dessa casa, trabalhando mais ecologicamente, produzindo alimentos sadios e celebrando o esforço feito na região do Vale do Taquari, ao serem distribuídas sementes ecológicas que foram organizadas por várias entidades amigas dos trabalhadores da luta pela terra, para que os agricultores possam recomeçar sua missão de produzir alimentos.

Queremos sair da Romaria com esse espírito, fortalecidos pela Eucaristia.

IHU – Qual será o itinerário da romaria? 

Alfonso Antoni – Eu gostaria de destacar alguns aspectos simbólicos fortes. Vamos trabalhar com alguns cenários ao longo da caminhada de 2,5 quilômetros, que sairá do Seminário Sagrado Coração de Jesus, na entrada da cidade. O seminário foi importante durante as enchentes, como espaço de acolhida dos desabrigados, depois, da cozinha solidária, dos voluntários que vieram. O campinho serviu para o pouso dos helicópteros, porque a cidade ficou completamente isolada no começo das enchentes. Ali será a acolhida dos romeiros, com um café da manhã.

Em seguida, ocorre a caminhada até a beira do rio Taquari, passando pelo bairro mais destruído. Ao longo do trajeto serão feitos cenários, lembrando os abrigos, a cozinha solidária, os agricultores atingidos, os resgates que foram feitos, os voluntários, os bombeiros, as moradias destruídas, as doações, o projeto Sementes de Solidariedade. Serão vários cenários onde os romeiros vão contemplar tudo o que aconteceu de solidariedade e partilha nesse tempo do pós-enchente.

Outro destaque será um marco deixado junto à capela da Comunidade de Navegantes, que ficou em pé. O marco será uma pedra enorme para guardar como memória. É um memorial dos mártires da Casa Comum, especialmente destacando as vítimas das enchentes, os mortos e desaparecidos no Rio Grande do Sul e no Vale do Taquari. Essa pedra foi trazida de Roca Sales, de um deslizamento que ocorreu, em que morreram seis pessoas. Ela será colocada como um marco para não esquecermos a memória dos mortos dessa catástrofe climática.

A caminhada segue até a praça da cidade, com a celebração da missa na rua coberta. Depois, segue a programação da romaria ao longo do dia. Há uma expectativa de que grande parte dos bispos do Rio Grande do Sul estará presente. Essa romaria é uma grande manifestação pública da Igreja gaúcha de solidariedade às famílias atingidas pelas enchentes. 

IHU – Quantos romeiros são esperados?

Alfonso Antoni – Há uma grande expectativa da organização, que espera dez mil romeiros. É difícil estimarmos o número exato, mas a perspectiva é que seja uma grande e boa romaria, por toda a preparação que está acontecendo e o envolvimento de muitas entidades. É uma grande mobilização com a participação de muita gente. 

Programação e orientações práticas

O quê: 47ª Romaria da Terra do RS, com o tema: “Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade”. 
Quando: 4 de março de 2025.
Onde: Arroio do Meio, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. 
Horário e local: Acolhida às 7h no Seminário Sagrado Coração de Jesus, na entrada da cidade, e término às 15h30, na Praça Flores da Cunha, centro da cidade.

Orientações gerais: 

1. Traga sua garrafa ou caneca, seu alimento e sementes crioulas para partilhar.
2. Não esqueça das faixas, bandeiras, chimarrão, boné, chapéu, proteção para o sol e a chuva.
3. Planeje sua viagem com 1 hora de antecedência, por causa das enchentes, os ônibus precisam fazer um desvio de aproximadamente 6 km na rodovia RS 130 entre Lajeado e Arroio do Meio.
4. O trajeto até o local de romaria é de asfalto e os ônibus vão ficar estacionados no centro da cidade.

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