A recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE revelou os dados sobre os efeitos da pandemia nas desigualdades e no mercado de trabalho no segundo trimestre do ano em curso. O número de desalentados segue crescendo, ou seja, cresce o número de pessoas que desistiram de encontrar um emprego. No Rio Grande do Sul o aumento, em relação ao primeiro trimestre do ano, foi de 66%.
Os dados da PNAD indicam que o Rio Grande do Sul apresentou a taxa de desemprego em 9,4%, em comparação ao primeiro trimestre de 2020. Houve um aumento de 1% na taxa, o que representa um aumento de 31,3 mil pessoas a mais desempregadas, alcançando 535,1 mil no total de pessoas. O estado tem 276.122 pessoas em situação de subocupação, ou seja, pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana e gostariam de trabalhar mais e 118.196 desalentados, um aumento de 66%, em relação ao primeiro trimestre do ano.
Do total de trabalhadores desempregados no Rio Grande do Sul, 49% são homens e 51% mulheres. Com relação à faixa etária, 29% possuem de 21 a 30 anos; 24%, 14 a 20 anos; 22%, 31 a 40 anos; 14%, 41 a 50 anos; 9%, 51 a 60 anos; e 2%, 61 a 70 anos. Esse quadro aponta que o maior número de desempregados está na faixa entre 14 e 30 anos, ou seja, a população jovem.
Quanto ao nível de escolaridade, 36% dos desempregados têm até o ensino fundamental completo; 48%, ensino médio; 14%, graduação; 3%, especialização de nível superior; e 0,02%, doutorado. Os dados de desemprego por cor e raça, no Rio Grande do Sul, apontaram que 74% dos desempregados se consideram brancos; 11% pretos; 14% pardos; e 1% indígenas.
Os 535,1 mil desempregados no estado não se devem exclusivamente ao novo coronavírus. É importante ressaltar que foram fechados 166,8 mil postos de trabalho formal durante três longos anos (2015, 2016 e 2017), sendo criados apenas 34,5 mil posteriormente (2018 e 2019), que já foram derrubados pela pandemia, com 95 mil postos fechados em 2020. A melhora no mercado de trabalho em 2018 e 2019 justifica-se pela contratação dos trabalhadores intermitentes, medida aprovada em 2017. Desde a implementação, o trabalho intermitente já responde por 36,3% das vagas criadas no estado, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED.
Renda do trabalho
A pandemia do novo coronavírus ocasionou uma perda média de 20,5% na renda dos trabalhadores no Rio Grande do Sul, de acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas - FGV. A perda da renda dos trabalhadores na capital do estado, Porto Alegre, está acima da média nacional e regional, caindo em 29,3%, ao lado de Recife e Maceió, capitais com maiores quedas na renda do trabalho. No cálculo do IBGE, foi considerada a renda do trabalho formal e informal e a parcela de trabalhadores sem emprego.
De acordo com a PNAD, os mais afetados foram os trabalhadores pardos e pretos, com queda de 17,6% e 16,3% de renda, respectivamente. As mulheres também foram as mais afetadas, reduzindo em 14,1%, contra 13,5% dos homens durante a pandemia. Os jovens foram outros que mais sentiram a queda da renda do trabalho, junto com os trabalhadores com mais de 80 anos, que tiveram diminuição de 71,7% no Rio Grande do Sul.
Desigualdade de renda
A desigualdade de renda do trabalho vinha caindo até o segundo trimestre de 2015, quando apresentou o valor de 0,4732, o menor da série histórica. A partir de 2016 houve um aumento no índice, que até o final de 2018 sofreu pequenas variações, sendo interrompido pelo aumento drástico da concentração de renda no primeiro trimestre de 2019. O pior resultado apresentado foi no primeiro trimestre de 2020, quando o índice chegou a 0,5133, e houve uma leve queda no segundo trimestre.
Em relação à renda média do trabalho por estratos no estado, entre o período de 2015 e 2020, não houve um aumento na renda média para a população considerada de baixa renda. O que pode ser observado é um aumento da renda média dos 10% mais ricos e principalmente do 1% mais rico até o primeiro trimestre de 2020. Já entre a população dos 10% mais pobres a renda média varia entre 300 e 400 reais, tendo uma queda na sua renda no ano de 2019 e começo de 2020.
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