03 Agosto 2016
No Sul do Município de Canutama (a 555 quilômetros de Manaus),uma disputa entre empresários e mais de 900 famílias que ocupam terras da União pode acabar em tragédia. A informação é do representante das famílias, Zacarias Felício. Ele a firma que está sendo ameaçado pelos donos da Madeireira Master Holding S/A.
A reportagem foi publicada por A Crítica, 02-08-2016.
Felício quer que órgãos regularizem um assentamento e ameaça fechar a BR-319, caso não seja atendido por um ouvidor agrário nacional. Segundo Felício, que é presidente da Associação de Moradores e Produtores Rurais e Agroextrativistas do Sul do Amazonas,há oito meses as 953 famílias ocupam uma área da região sul do Município de Canutama,após descobrir em que a terra é da União. Desde então, Felício procura órgãos como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para criar um assentamento hortifrutigranjeiro, no terreno que fica às margens da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho).
“Nós estamos pressionando o Incra e outros órgãos ligados ao setor de terra e regularização fundiária, mas eles alegam que aguardam leis ambientais que liberem o programa de assentamento”, disse. Felício contou que está sendo ameaçado de morte por sócios da Master Holding, que foram identificados como Antônio Mijoler Garcia Filho, Orestes Polo e Pedro.
Segundo o presidente da associação, duas vezes os homens ameaçaram invadir, expulsar as pessoas, queimar os barracos e até matá-lo. “Eles nos ameaçam constantemente como se as terras fossem deles, mas não são”, declarou. No dia 11 do último mês, dois homens foram ao assentamento cumprir as ameaças. Antônio foi acompanhado de um suposto capanga, identificado como Amarildo Alves de Lima, para cumprir as ameaças. Eles chegaram gritando pelo nome de Felício, que não estava no local e agrediram um adolescente de 17 anos, que estava na entrada do assentamento.
“Eles batiam no peito dele procurando por Felício”, contou Sandro Paulo Barbosa, que também é do assentamento e foi atropelado pelo empresá- rio. “Eu vi que eles tinham uma arma no carro, corri e peguei a arma. Quando Antônio percebeu acelerou o carro e saiu levando todo mundo. A minha perna ainda está machucada com a pancada que peguei”, relatou Sandro.
Produtores pretendem fechar “BR”
Mesmo após o caso de agressão, registrado na delegacia, os moradores continuam sendo ameaçados pelos empresários e capangas. “Se nada for feito essa disputa vai ser sangrenta, eles (empresários) não estão de brincadeira”, disse o presidente da associação. Felício afirmou que caso nenhuma resposta seja dada às famílias até a semana que vem, eles irão fechar a BR-319 até que as terras sejam doadas pelos órgãos competentes. Felício quer pelo menos 10 hectares para cada família. “Nós fomos a vários órgãos e nada é feito. Eles dizem que precisam de leis ambientais para liberar o assentamento. Nós vamos fechar a BR, não vai passar nada até que um ouvidor agrá- rio venha conversar conosco”, disse.
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Amazonas. Famílias ameaçadas em conflito por terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU