Por: Jonas | 18 Julho 2016
Como se fosse o caso de outro episódio dos reality shows que costuma protagonizar, Donald Trump gerou acerca do anúncio de seu companheiro de chapa um circo que teria seu ato principal neste meio-dia, quando o candidato republicano fosse dar uma coletiva de imprensa na Trump Tower, desta cidade, para anunciar o nome que o acompanhará nas urnas. A proclamação foi suspensa na última hora de ontem em razão do ataque em Nice, na França.
Fonte: http://goo.gl/UhecNm |
A reportagem é de Nicolás Lantos, publicada por Página/12, 15-07-2016. A tradução é do Cepat.
O governador da Indiana, Mike Pence (na foto, à esquerda de Donald Trump), é o favorito nas apostas de última hora, e à noite vários meios de comunicação confirmavam isto. Esse estado, marginal na política estadunidense, tornou-se o centro da atenção nesta semana, quando um defeito no avião do candidato republicano o obrigou a permanecer por lá mais que o tempo previsto, forçando outros aspirantes à vice-presidência viajar para este local, de última hora, para não oferecer vantagem.
Trump aterrissou em Indianápolis na terça-feira à noite. A agenda anunciava um jantar com Pence, no marco de vários encontros que o candidato tem com aqueles que avalia como possíveis companheiros e, em seguida, uma rápida saída de retorno a Nova York, para continuar, no dia seguinte, com esta roda de conversas. No entanto, uma roda do trem de pouso bateu em algum elemento estranho ao descer na pista e se danificou, obrigando a estender a escala em várias horas. O governador, rapidamente, estendeu o convite do jantar e também compartilhou com Trump o café da manhã. A partir desta dupla sessão, Pence começou a ser escalado rapidamente nas especulações de último momento. Ontem à tarde, vários meios de comunicação locais e nacionais já o apresentavam como candidato, ainda que o anúncio oficial só se dará hoje.
A nomeação do governador de Indiana procurará oferecer alívio aos republicanos que ainda desconfiam de Trump. Trata-se de um conservador que já tem quase duas décadas de carreira política, entre o Congresso e o estado que conduz há quatro anos e no qual, ao menos até hoje, busca a reeleição. Seu perfil discreto contrasta com o do candidato presidencial, mas, no ano passado, ganhou notoriedade quando impulsionou uma lei de “liberdade religiosa” que permitia que os donos de comércios pudessem se recusar a atender a casais do mesmo sexo. Também durante seu mandato, em Indiana, entrou em vigor uma das leis de aborto mais rigorosas dos Estados Unidos. Católico e proveniente de uma família irlandesa, supõe-se que poderia resultar atrativo para certos eleitores democratas desencantados.
O histórico ex-porta-voz do Partido Republicano na câmara baixa, Newt Gingrich, muito próximo ao candidato no último período desta campanha e até terça-feira favorito a ser companheiro de chapa, viajou com emergência a Indiana, em um avião emprestado pela cadeia de notícias Fox News, para continuar brigando até o último momento por esse lugar. Trump e Gingrich estiveram reunidos por mais de uma hora em Indiana e se descarta que terá um papel importante em um eventual gabinete. Quem perdeu espaço é o governador de Nova Jersey, Chris Christie. Ainda que o mesmo tenha concorrido, no ano passado, na interna do GOP (o Grand Old Party, os republicanos), com pouco êxito, após sua desistência foi um dos primeiros grandes figurões do partido a apoiar o magnata, com quem possui uma longa amizade. O incidente aeronáutico o privou de uma última conversa com Trump, ainda que tenham conversado longamente por telefone.
A incógnita se revelará hoje, a partir das onze. Na Trump Tower, na luxuosa Quinta Avenida desta cidade, o candidato anunciará a identidade de seu companheiro de chapa, 72 horas antes que se inicie a convenção do Partido Republicano em Cleveland, Ohio, um dos estados onde se coloca em jogo a eleição presidencial (nunca um republicano chegou à Casa Branca sem ganhar esse distrito). A convenção será uma oportunidade para Trump relançar sua campanha e mostrar que o GOP está unido na sua retaguarda, algo que ainda não pôde fazer satisfatoriamente. Os olhares estarão sobre o que ocorrerá no centro de convenções dessa cidade e também fora, onde as manifestações de partidários se cruzarão com os protestos contrários e com a polícia, que vive momento delicado após o massacre de Dallas.
Entre os democratas, nesta semana, Hillary Clinton conquistou um dos apoios mais almejados e necessários: o de seu principal rival na disputa interna, o senador socialista Bernie Sanders, que na terça-feira, em Nova Hampshire, a acompanhou pela primeira vez em um ato de campanha e lhe deu todo o seu apoio. “Clinton ganhou as prévias entre os democratas e a felicito por isso”, disse durante o ato na cidade de Portsmouth. Recordando a dura disputa interna, o senador acrescentou: “Não é nenhum segredo que Hillary Clinton e eu estamos em desacordo sobre muitas questões. Disso se tratou esta campanha e disso se trata a democracia”.
Em respobsta, a candidata presidencial prometeu que “sempre haverá lugar na Casa Branca” para Sanders, caso ela vença. Também houve duras negociações, prévias a este apoio público, para modificar a plataforma política do partido, de tal forma que resulte mais próxima às posições dos que optaram pelo socialista na disputa interna. Entre outros pontos, ponderou-se o apoio ao Tratado Transpacífico, acrescentou-se a proposta de um salário mínimo federal de 15 dólares por hora e a de fornecer educação gratuita aos jovens de todas as famílias com ingressos inferiores aos 85.000 dólares mensais.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Trump apresenta seu candidato a vice nas disputas estadunidenses - Instituto Humanitas Unisinos - IHU