15 Julho 2016
O Vaticano e a principal instituição do islamismo sunita de ensino superior começaram a avaliar formas de retomar o diálogo formal.
Agindo segundo o desejo expresso do Papa Francisco, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso irá enviar uma alta autoridade para a cidade do Cairo no intuito de visitar a Universidade de al-Azhar, informou o citado conselho em comunicado de imprensa divulgado no dia 12 de julho.
A reportagem é de Carol Glatz, publicada por Catholic News Service, 12-07-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O bispo espanhol Miguel Ayuso Guixot, secretário do Pontifício Conselho, participará de uma “reunião preliminar” no dia 13 de julho com Mahmoud Hamdi Zakzouk, membro do Conselho dos Pesquisadores Sênior (Council of Senior Scholars) da universidade e diretor do Centro al-Azhar para o Diálogo. Dom Bruno Musaro, nuncio apostólico para o Egito, deverá também participar do encontro.
A reunião, pedida pelo Pontifício Conselho após o “desejo expresso do papa, vai avaliar formas de como retomar os diálogos entre o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e a Universidade de al-Azhar”, lê-se no comunicado.
O encontro segue-se ao histórico encontro, no Vaticano em 23 de maio, entre o Papa Francisco e o grão-imã da universidade, Ahmad el-Tayeb.
Este foi o primeiro encontro entre um pontífice e um grão-imã depois de cinco anos de tensões e de silêncio desde que a universidade islâmica no Cairo suspendeu as conversas em 2011.
Estabelecido em 1998, o diálogo formal entre al-Azhar e o Vaticano começaram a se enfraquecer em 2006 depois que o hoje Papa Emérito Bento XVI proferiu uma palestra em Regensburg, Alemanha.
Representantes da Universidade de Al-Azhar e milhões de muçulmanos em todo o mundo disseram que a fala do pontífice ligava o Islã à violência.
A al-Azhar suspendeu por completo os diálogos após o ex-papa dizer que os cristãos, no Oriente Médio, estavam sendo perseguidos. A al-Azhar afirmou que o Papa Bento havia mais uma vez ofendido o Islã e os muçulmanos ao focar somente no sofrimento dos cristãos, quando muitos muçulmanos estavam sofrendo também.
Após o encontro papal em maio, el-Tayeb contou à Rádio Vaticano e ao jornal vaticano que a impressão que teve do Papa Francisco era a de “um homem de paz, um homem que segue a doutrina do cristianismo, que é uma religião de amor e de paz”, um homem que “respeita as outras religiões e mostra consideração pelos seus seguidores”.
A al-Azhar é considerada a instituição teológico-acadêmica de maior autoridade dentro do Islã sunita.
Alguns esperam que uma relação renovada entre a universidade e o Vaticano leve a uma nova cooperação para a resolução de questões urgentes como a da cidadania, que inclui diversidade religiosa e cultural e o combate ao extremismo.
O padre maronita Fadi Daou, presidente da Adyan, fundação para estudos inter-religiosos e solidariedade espiritual sediada no Líbano, contou ao Catholic News Service em maio que a “al-Azhar vem há anos trabalhando (…) na direção de novas posturas islâmicas concernentes ao Estado, à religião, à política e à diversidade.
“Uma cooperação com o Vaticano neste nível só vem a contribuir com o peso das posições promulgadas por esta maior autoridade sunita islâmica mundo afora”, disse ele.
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Vaticano e Universidade de al-Azhar buscam retomar diálogo e cooperação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU