O Papa Francisco e Bento XVI juntos no Palácio Apostólico. Algo absolutamente inédito

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

29 Junho 2016

Bento XVI retornou ao Palácio Apostólico. Naquela que tinha sido a sua casa nos oito atormentados anos de pontificado. Ratzinger retornou a pôr os pés, pela primeira vez após a demissão, por ocasião da festa pelos seus 65 anos de sacerdócio. Uma cerimônia histórica com o Papa emérito que tirou o barrete branco em sinal de respeito ante Francisco que o abraçou várias vezes. Um inédito absoluto: dois Pontífices, emérito e reinante, juntos nos apartamentos papais, embora somente pela duração da cerimônia.

A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada por Il Fatto Quotidiano, 28-06-2016. A tradução é de Benno Dischinger.

No seu discurso Bergoglio convidou a “olhar para o futuro não com medo ou nostalgia, mas com alegria, também nos anos já avançados da nossa vida”. Um conselho também para quem ainda continua a defender a invalidez da eleição de Francisco ou que usa instrumentalmente o magistério de Bento XVI para contrapô-lo ao do sucessor.

Sobre este ponto, retornando da recente viagem à Armênia, Bergoglio foi claro: “Há um só Papa. No futuro, talvez, como para os bispos eméritos, não digo tantos, mas talvez poderão existir dois ou três, serão eméritos”. Acrescentando: “Escutei, talvez sejam fofocas, mas concordam com o seu caráter, que alguns foram até Bento XVI a lamentar-se porque ‘este novo Papa’ ..., e ele os mandou embora! Com o melhor estilo bávaro: educado, mas mandou-os embora”.

No seu discurso Francisco sublinhou que Ratzinger hoje “continua a servir a Igreja, não cessa de contribuir realmente com vigor e sabedoria ao seu crescimento; e o faz daquele pequeno Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, que se revela de tal modo ser bem outra coisa do que um daqueles becos esquecidos nos quais a cultura do descarte de hoje tende a relegar as pessoas quando, com a idade, as suas forças se reduzem. É tudo o contrário: e isto permita que o diga com força o seu sucessor que escolheu chamar-se Francisco”.

Para Bergoglio “a providência quis que ele, caro coirmão, chegasse a um lugar por assim dizer propriamente ‘franciscano’, do qual promana uma tranquilidade, uma paz, uma força, uma confiança, uma maturidade, uma fé, uma dedicação e uma fidelidade que me fazem tanto bem e dão força a mim e a toda a Igreja”.

Foi comovido o agradecimento de Bento XVI que sublinhou “a bondade” do Papa Francisco que “desde o primeiro momento da eleição, em cada momento da minha vida aqui, me toca interiormente” e o faz sentir “protegido no Vaticano onde vive. Com um augúrio especial: “Esperamos que ele poderá levar em frente com todos nós por esta via da misericórdia divina, mostrando a estrada de Jesus”.

Um convite que o Papa emérito já concretizou com a instituição, em março de 2010, da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI, que não tem outro objetivo senão aquele de pôr-se a serviço do bispo de Roma e que foi doada desde o início à Santa Sé e aos Pontífices seus sucessores. Em particular, por quanto se refere ao aspecto caritativo atuado pela Fundação, presidida pelo monsenhor Giuseppe Antonio Scotti, no interior da qual trabalham o estudioso Pierluca Azzaro e o vaticanista Luca Caruso, isto é exercido com a destinação de dez bolsas de estudo na Itália e no exterior.