Por: André | 27 Junho 2016
A Turquia esperou mais de 24 horas para reagir às palavras do Papa Francisco, na sexta-feira, voltando a recordar o “genocídio armênio”, o que indica que não queria que as palavras de Francisco provocassem um novo conflito diplomático. No ano passado, Ancara retirou seu embaixador no Vaticano e o manteve afastado das suas funções por 10 meses.
Fonte: http://bit.ly/28XgqUX |
A reportagem é de Jesús Bastante e publicada por Religión Digital, 26-06-2016. A tradução é de André Langer.
“Evidentemente, a declaração do Papa foi muito infeliz”, disse a jornalistas o vice-primeiro-ministro turco, Nurettin Canikli. “Infelizmente, é possível ver todas as reflexões e marcas da mentalidade dos cruzados nas ações do papado e do Papa”.
A Turquia aceita que muitos cristãos armênios que viviam no Império Otomano morreram nos confrontos com as forças otomanas durante a Primeira Guerra Mundial, mas discorda dos números e nega que as mortes tenham sido orquestradas sistematicamente e que constituam um genocídio.
O vice-primeiro-ministro turco chega inclusive a dizer que “a declaração do Papa não é objetiva e não é consistente com a realidade. Todos sabemos, o mundo inteiro sabe disso. E os armênios também o sabem”.
Segundo Canikli, tanto o reconhecimento do genocídio feito em 02 de junho passado pelo Bundestag alemão como as referências de Francisco na sexta-feira e no sábado na Armênia não correspondem aos fatos históricos, mas “são declarações políticas, baseadas em fatores religiosos”.
O porta-voz vaticano, Federico Lombardi, por sua vez, recordou na noite da sexta-feira aos jornalistas que acompanham a delegação vaticana que “o Papa usou a palavra genocídio para recordar a ferida e curá-la, não para reabri-la e reavivá-la; é uma memória para construir reconciliação e paz no futuro”.
Francisco terminou sua viagem à Armênia neste domingo com uma oração no Mosteiro de Khor Virap, na fronteira com a Turquia, há anos fechada. Estava previsto a soltura de duas pombas da paz.
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A Turquia acusa o Papa de ter “a mentalidade dos cruzados” por denunciar novamente o genocídio armênio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU