22 Junho 2016
O enigma de um "papa emérito" ao lado do papa reinante, até mesmo sob a forma de "um ministério em comum" entre um papa "contemplativo" e um "ativo", continua pesando de forma não resolvida sobre a atual época do papado.
A nota é de Sandro Magister, publicada no seu blog de Settimo Cielo, 21-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A figura do "papa emérito" foi deliberadamente introduzida por Bento XVI depois da sua renúncia, mas não tem precedentes na história.
Sabe-se que ela já havia sido examinada por alguns dos seus antecessores, que, no entanto, sempre a rejeitaram como impraticável. Pio XII, por exemplo, pensando em um possível sequestro por parte dos nazistas que ocupavam Roma, tinha preparado uma carta de renúncia total ao papado e tinha confidenciado a Dom Domenico Tardini: "Se me sequestrarem, levarão embora o cardeal Pacelli, não o papa".
A questão voltou a aparecer na última fase, cada vez mais marcada pela doença, do pontificado de João Paulo II.
O escritor e editor católico Conrad Black, canadense, nos confirma que o Papa Karol Wojtyla teve a oportunidade de falar a respeito no fim de julho de 2002, em Toronto, na Jornada Mundial da Juventude, durante um almoço com os benfeitores que haviam financiado a jornada, na casa do arcebispo emérito da cidade, o cardeal Gerald Emmett Carter, do qual Black era muito amigo.
Naquela ocasião, João Paulo II se disse totalmente contrário à hipótese. E as suas palavras exatas foram: "A pope emeritus is impossible" [Um papa emérito é impossível].
Black relatou esse episódio, na época, em um tributo à memória do santo papa, publicado no jornal britânico Catholic Herald, do qual foi coproprietário.
Joseph Ratzinger era o mestre de doutrina no qual João Paulo II punha a sua máxima confiança. E, depois, em 2005, foi o seu sucessor.
Mas, evidentemente, sobre o "papa emérito", um e outro tomaram caminhos diferentes.
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João Paulo II em 2002: "A pope emeritus is impossible" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU