"Há cinco meses, os primazes estavam de acordo sobre o Concílio de Creta"

Mais Lidos

  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Diaconato feminino: uma questão de gênero? Artigo de Giuseppe Lorizio

    LER MAIS
  • Venezuela: Trump desferiu mais um xeque, mas não haverá xeque-mate. Artigo de Victor Alvarez

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

17 Junho 2016

O Patriarca Ecumênico de Constantinopla chegou em Creta, onde, no dia 19 de junho, será aberto aquele que deve ser o primeiro Concílio pan-ortodoxo depois de mais de um milênio, mas que, após as deserções das Igrejas de Antioquia, Bulgária, Geórgia e, por fim, Rússia, está destinado a se transformar na primeira etapa de um processo mais longo e difícil.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 16-06-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"O Santo e Grande Concílio – disse Bartolomeu na sua chegada em Creta – é a nossa sagrada missão." O sucessor do apóstolo André observou que a alegria desse evento foi ofuscada pela decisão de algumas Igrejas de não participar: "A responsabilidade pela sua decisão recai sobre essas mesmas Igrejas e os seus primazes – acrescentou Bartolomeu –, dado que, há apenas cinco meses, nas Sinaxes dos primazes ortodoxos em Genebra, tomamos uma decisão e pusemos as nossas assinaturas nela: devíamos vir para Creta em junho, para realizar esta visão buscada ao longo de muitos anos. Todas as nossas Igrejas desejam, declaram e proclamam a unidade da nossa Igreja Ortodoxa. E querem examinar os problemas que dizem respeito ao mundo ortodoxo para resolvê-los juntos."

O Patriarca de Constantinopla também disse que não é tarde demais para as Igrejas renunciatárias de reconsiderar a sua decisão: "Mesmo que, no último momento, para honrar a sua assinatura, elas vierem para Creta, serão acolhidas com alegria".

A última notícia a respeito foi oficializada no dia 15 de junho: o patriarca sérvio Irinej anunciou a decisão final de participar do Concílio. Em um comunicado, o primaz da Igreja Ortodoxa da Sérvia afirmou que o ponto de vista das Igrejas ausentes deverá ser levado em conta, caso contrário, a delegação sérvia vai abandonar a cúpula. E também acrescentou que espera que as Igrejas presentes no Concílio vão tomar decisões que não sejam controversas demais para as Igrejas ausentes, mas que possam ser compartilhadas por elas.

A Igreja sérvia também afirmou que o Concílio "não pode ficar refém de regras estabelecidas e aceitas com antecedência". Palavras que ecoam as posições expressadas anteriormente pela mesma Igreja, quando tinha colocado em dúvida a sua participação, pedindo um debate mais aberto.

Com essas premissas, o que vai acontecer em Creta a partir do dia 19 de junho é apenas o primeiro capítulo de um processo mais longo. No projeto inicial, buscado por Bartolomeu, o sinal da unidade manifestada diante do mundo pela primeira vez depois de mais de mil anos representaria o resultado mais significativo, independentemente das deliberações conciliares.

A ausência de quatro das 14 Igrejas da comunhão ortodoxa – entre elas, a Igreja russa, que, sozinha, tem jurisdição sobre mais da metade dos cristãos ortodoxos – vai mudar a natureza da cúpula, trazendo para o primeiro plano os problemas existentes no mundo ortodoxo, mais do que o testemunho da unidade.

Mas, justamente por isso, poderia favorecer uma abordagem mais direta e aprofundada aos próprios problemas, mudando a agenda dos trabalhos pré-estabelecida e os textos já preparados. A história dos concílios demonstra que essas dinâmicas não são novas, nem são exceções: basta pensar no que aconteceu com o Concílio Ecumênico Vaticano II.