15 Junho 2016
Em meio à indignação diante do massacre de Orlando, certos defensores e adversários de direitos de gays, lésbicas e transgêneros encontraram a certa altura um ponto em comum. A responsabilidade pelo crime recai, segundo uns e outros, na intolerância do Islã em relação à homossexualidade. Um bom exemplo dessa estranha unidade pode ser encontrado nas declarações dos candidatos à Casa Branca. Donald Trump, que considera nomear à Suprema Corte juízes dispostos a revogar o casamento gay, disse que os Estados Unidos devem fechar as portas a muçulmanos e ataca os democratas por não culpar o “Islã radical” pelo ataque. Hillary Clinton, cujo partido passou a defender a lei federal do casamento gay há quatro anos, prontamente aceitou o desafio e dobrou a parada, atacando o “Islã radical”.
O comentário é de Luiz Antônio Araujo, jornalista, publicado por Zero Hora, 15-06-2016.
Religião e homofobia andam juntas há milênios. No caso do Islã, teocracias como Irã e Arábia Saudita estão no topo da lista da repressão à homossexualidade. Mas, nesse como em outros casos, preconceito e descuido podem impedir uma análise acurada. Segundo pesquisa feita com 35 mil americanos pelo Pew Research Center, entre muçulmanos o percentual de apoio ao casamento gay é de 42%. É posição minoritária, mas, ainda assim, superior à de mórmons (26%), evangélicos (28%) e protestantes afroamericanos (40%). Nos EUA, o apoio ao casamento gay é de apenas 53%. O próprio fato de o assassino da boate Pulse ser, aparentemente, um ex-frequentador sugere que a explicação para o crime de domingo seja mais complexa.
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O massacre de Orlando. Causas complexas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU