Por: Cesar Sanson | 13 Junho 2016
A presidente eleita Dilma Rousseff afirmou, em entrevista à jornalista, que errou na construção da coalização que visava a sustentação política de seu governo. “Meu maior erro foi ter feito uma aliança com quem não devia", disse à jornalista Mariana Godoy, da Rede TV, em entrevista exibida na noite de sexta-feira. Dilma fazia referência ao presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP), seu vice nas eleições de 2010 e 2014.
A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 11-06-2016.
Assim como afirmou em entrevistas anteriores, a possibilidade de antecipação das eleições não deve ser "descartada em hipótese alguma", mas que, antes disso, é necessária a recomposição da "normalidade democrática" no país com o fim do processo de impeachment contra ela. Dilma reforçou que o impeachment é um "golpe" e que há "desvio de poder" no processo.
Segundo ela, o "desvio de poder" está confirmado principalmente na divulgação da conversa do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o então ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), que sugeriu uma "mudança" no governo federal para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato.
"Nós estamos lutando para que [as gravações] sejam incluídas na defesa do impeachment porque elas constituem claras provas do que nós falamos, do desvio de poder e desvio de finalidade, primeiro na aceitação do processo de impeachment pelo senhor Eduardo Cunha" disse Dilma, para quem o presidente afastado da Câmara é "de direita, conservador e sem princípios éticos".
"Que ele [Cunha] responda na Justiça pelas contas na Suíça e por ter negado que ele tinha contas na Suíça", disse Dilma.
Em relação ao governo do presidente interino, Michel Temer, Dilma criticou medidas implantadas como, por exemplo, a redução de ministérios. "Não dá para acabar com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O futuro do nosso país depende da ciência, da tecnologia e da inovação [...] Não é assim que se dirige um Estado. Reduzindo ministérios a economia é mínima, isso se houver economia, se não ficar mais caro", afirmou.
Durante a entrevista, a presidente afastada voltou a negar que tinha conhecimento de irregularidades e pagamentos de propinas na compra da refinaria Pasadena pela Petrobras, nos Estados Unidos, em 2006. Na época, Dilma era presidente da estatal. Ela criticou as acusações do ex-diretor da Petrobras Néstor Cerveró que, em depoimento à Lava Jato, afirmou que "ela sabia de tudo". "Ele prova? Não. Eu nunca tive amigo da qualidade do senhor Nestor Cerveró", afirmou Dilma.
Sobre Lula, Dilma disse que há "dois pesos e duas medidas" quando se trata do ex-presidente. "Quando se trata de vazar conversa da presidenta da República com qualquer pessoa, no mundo inteiro não teria discussão: a pessoa que faz isso e revela, vai pra cadeia".
Dilma disse ainda que irá se esforçar para ir à abertura da Olimpíada no Rio de Janeiro, em agosto. "Nunca alguém mereceu tanto estar na Olimpíada quanto eu", disse.
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Dilma: 'meu erro foi ter feito aliança com quem não devia' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU