08 Junho 2016
Aliados de Michel Temer entendem que os pedidos de prisão dos caciques do PMDB, feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderiam gerar um caos parlamentar e seriam uma catástrofe para a gestão interina, caso sejam aceitos pelo Supremo Tribunal Federal. Os pedidos não só atingem o coração do partido do presidente interino, mas também colocariam o Senado Federal, ainda que interinamente, sob o comando de um petista, o senador Jorge Viana, do Acre, no momento em que os senadores se preparam para julgar o impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff - Viana é o atual primeiro-vice-presidente da Casa. Ter um opositor no comando do Congresso Nacional significa ainda enfrentar dificuldades no trânsito de projetos de lei que o Executivo considera importantes.
A reportagem é de Afonso Benites, publicada por El País, 08-06-2016.
Eis a avaliação de dois auxiliares de Temer sobre o que tem sido chamado pelo Governo de “tsunami”: 1) A eventual prisão domiciliar de José Sarney seria um simbolismo que o PMDB não quer ter para si por ele ser um ex-presidente da República e o presidente de honra da legenda; 2) Se Jucá for detido, haverá um prejuízo a imagem da gestão Temer, já que o ex-ministro do Planejamento foi um dos principais articuladores do Governo e ainda tem um bom trânsito no Congresso; 3) As possíveis (ainda que nem tão prováveis) detenções de Calheiros e Cunha representariam mais uma forte interferência do Judiciário no Legislativo reforçando a tese da “democracia de toga”, que tem sido propalada principalmente por parte dos que temem ser pegos pela Operação Lava Jato.
No caso de Cunha, o Governo imagina que possa ainda haver mais dois problemas, o das negociações com o centrão (grupo de partidos ainda sob a influência dele) e uma interferência no processo de impeachment, já que foi esse deputado quem conduziu o processo na Câmara e, com ele preso, a tese de impeachment por vingança volta a ganhar força. O julgamento de Dilma Rousseff só deve ser concluído pelo Senado em agosto. Na ocasião, os senadores votarão se ela cometeu ou não o crime de responsabilidade fiscal ao assinar seis decretos de suplementação orçamentária e por fazer pedaladas fiscais.
Mesmo diante de tantas informações negativas (nesta semana outros dois ministros quase caíram), Temer tenta dar um caráter de normalidade à sua gestão. Nos próximos dias, deve se reunir com cerca de 150 empresários para buscar uma reaproximação com o setor. Na próxima semana, fará três viagens oficiais para Alagoas, Pernambuco e Rio de Janeiro.
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Um tsunami político para Temer que pode provocar "caos" no Congresso - Instituto Humanitas Unisinos - IHU