20 Mai 2016
As mudanças do clima não é "história da carochinha". Não é possível negligenciar. Cada dia experimenta-se que algo não está consonante. Todos estão imersos nas suas consequências. Mas, especialmente os vulneráveis – os pobres – acabam por sofrer os maiores danos. Existe um caos próprio, uma desordem fundamental. Mas, o que vive-se a cada dia é uma anomalia provocada pelo ser humano, que não se percebe como um "cuidador" e sim um "explorador".
A Criação é ferida no seu existir. Não é reconhecida na sua complexidade. Não é valorizada na sua real dignidade. No seu grito, mesmo ferindo os mais pobres, encontra-se o brado contra os descasos e as indiferenças de todos. O ser humano e suas sociedades/instituições, no desejo de possuir e de consumir, se esqueceram de cultivar uma relação saudável com a Criação.
A Criação grita por Justiça. Nela existe espaço para todos. Falta-lhe o cuidado devido. Falta-lhe o reconhecimento do direito de todos os seres existirem na/com sua própria complexidade. Nela todos os seres perpassam-se, interligando-se e implicando-se mutuamente. O sofrimento da Criação está na inércia dos "filhos de Deus" - na linguagem paulina. Mas, a inércia de todos os seres humanos. É um sofrimento de "espera" por novas atitudes, novos estilos, novos programas, novas políticas. Exige-se um real compromisso no cuidado responsável e oblativo da Casa Comum.
Dentro dessa perspectiva, situa-se a enciclica papal Laudato Si', lançada no dia 18 de Junho de 2015, abrindo caminhos, em escala global, na/sobre a tomada de consciência de que "coexistimos" numa mesma casa e corremos um sério risco se continuarmos a viver com antigas lógicas: dominação e exploração. Foi escrita pelo papa Francisco com a colaboração de muitos especialista sobre a temática. Está inserida no magistério social da Igreja, mas destina-se a toda a humanidade.
Nessa mesma esteira, Guillermo Kerber, teólogo uruguaio, apresenta uma reflexão sobre o Cuidado da Criação e Justiça Ecológica-Climática desde uma perspectiva teológica e ecumênica (Cadernos Teologia Pública, v. 13, n. 109, 2016). O artigo explora com sua contribuição específica aquilo que algumas Conferências Regionais de Igrejas disseram sobre o meio ambiente e o clima; a perspectiva do Patriarca Ecumênico Bartolomeu; sistematiza dois conceitos principais: integridade da criação e justiça na crise ambiental; mostra o aspecto espiritual do cuidado como despertar para uma metanoia (transformação).
O texto está organizado da seguinte forma:
1. As ameaças da crise ambiental e climática
2. O alerta precoce do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla
3. Bases teológicas do trabalho com o cuidado da criação e a mudança climática
4. Cuidado da criação, justiça e liberdade
Guillermo Kerber, nascido no Uruguai, é formado em Filosofia (1980) e Teologia (1984) pelo Instituto Teológico do Uruguai. Doutor em Ciências da Religião (2000) pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, com a tese intitulada “O lugar da ecologia na teologia latinoamericana”. Professor no Atelier Oecuménique de Théologie, Genebra, Suíça. Coordenador do Programa “Criação e Justiça Climática”, no Conselho Mundial de Igrejas – CMI, Genebra, Suíça. Os principais interesses de pesquisa são: Teologia, Ecologia, Ecumenismo, Libertação.
Para acessar o texto: clique aqui
Por Jéferson Ferreira Rodrigues
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“A Criação geme em dores de parto”. Cuidado da Criação e Justiça Ecológica-Climática - Instituto Humanitas Unisinos - IHU