Francisco: “Também hoje, na Igreja, há resistências às surpresas do Espírito”

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Por: Jonas | 29 Abril 2016

“Também hoje, na Igreja, há resistências às surpresas do Espírito”, mas o próprio Espírito ajuda a vencê-las e a seguir adiante. Foi o que disse o Papa Francisco durante a homilia da missa que presidiu, hoje pela manhã, na Capela da Residência Santa Marta, segundo indicou a Rádio Vaticana.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 28-04-2016. A tradução é do Cepat.

O Papa comentou a Leitura dos Atos dos Apóstolos sobre o “Concílio de Jerusalém”, a primeira reunião na qual os apóstolos e os discípulos tiveram que decidir se a Igreja deveria impor aos pagãos a lei de Moisés, incluindo a circuncisão. Francisco observou que “o protagonista da Igreja” é o Espirito Santo. “É Ele que desde o início deu força aos apóstolos para que proclamassem o Evangelho”, é Ele quem “faz tudo, o Espírito que leva a Igreja adiante”, inclusive “com seus problemas”. Inclusive, “quando explode a perseguição”, é Ele quem “dá força aos crentes para permanecer na fé”, até nos momentos de “resistências e de enfurecimento dos doutores da lei”. No caso narrado pelos Atos dos Apóstolos, explicou o Papa, há uma dupla resistência à ação do Espírito: a daqueles que acreditavam que Jesus “tinha vindo só para o povo eleito” e a dos que queriam impor a lei de Moisés, sobretudo a circuncisão, aos pagãos convertidos. Bergoglio fez notar, então, que “houve uma grande confusão em tudo isto”.

“O Espírito – disse o Papa – colocava os corações em um novo caminho: eram as surpresas do Espírito. E os apóstolos se depararam com situações que nunca teriam acredito, situações novas. E como enfrentar estas novas situações? Por isso, a passagem de hoje, a leitura de hoje, começa assim: “Naqueles dias, aconteceu que surgiu uma grande discussão’, uma discussão acalorada, porque discutiam sobre este assunto. Eles, por um lado, tinham a força do Espírito, o protagonista, que impulsionava a seguir adiante, adiante, adiante... Porém, o Espírito os conduzia para certas novidades, certas coisas que nunca tinham feito antes. Nunca. Nem sequer as haviam imaginado. Que os pagãos recebessem o Espírito Santo, por exemplo”.

Os discípulos, portanto, “tinham a batata quente nas mãos, sem saber o que fazer”. E assim convocaram uma reunião em Jerusalém, onde cada um pudesse contar a própria experiência de como o Espírito Santo atuava também sobre os pagãos. “E, ao final, entraram em acordo – ressaltou o Papa. Porém, antes, há uma coisa bela: ‘Toda a assembleia silenciou para ouvir Barnabé e Paulo, que faziam menção a quais grandes sinais e prodígios Deus havia cumprido entre as nações, no meio deles’. Ouvir, não ter medo de ouvir. Quando alguém tem medo de ouvir, não carrega o Espírito em seu coração. Ouvir: ‘E você o que pensa e por quê?’. Ouvir com humildade. E após terem ouvido, decidiram enviar às comunidades gregas, ou seja, aos cristãos que vieram do paganismo, enviar alguns discípulos para tranquilizá-las e lhes dizer: ‘Está bem, sigam assim’”.

Os pagãos convertidos não são obrigados à circuncisão. Uma decisão que foi comunicada mediante uma carta na qual “o protagonista é o Espírito Santo”. De fato, os discípulos escrevem: “O Espírito Santo e nós decidimos...”. Esta, explicou o Papa, é o caminho da Igreja “diante das novidades, não as novidades mundanas, como as modas da roupa”, mas “as novidades, as surpresas do Espírito, porque o Espírito sempre nos surpreende. E como a Igreja resolve isto? Como enfrenta estes problemas para resolvê-los? Com a reunião, com a escuta, a discussão, a oração e a decisão final”.

“Este é o caminho da Igreja até hoje – continuou Francisco. E quando o Espírito nos surpreende com algo que parece novo ou que ‘nunca foi assim’, ‘é preciso fazer assim’; pensem no Vaticano II, nas resistências que o Concílio Vaticano II teve, e digo isto porque é o que está mais perto de nós. Quantas resistências... Também, hoje, há resistências que continuam de uma forma ou de outra, e o Espírito é o que segue adiante. E o caminho da Igreja é este: reunir, unir, escutar, discutir, rezar e decidir juntos. E isto é a chamada sinodalidade da Igreja, na qual se expressa a comunhão da Igreja. E quem faz a comunhão? O Espírito! Outra vez o protagonista. O que o Senhor pede? Docilidade ao Espírito. O que o Senhor nos pede? Não ter medo, quando vemos que é o Espírito quem nos chama”.

“O Espírito – concluiu o Papa Bergoglio – às vezes nos detém”, como fez com São Paulo, para fazer com que partamos para outra parte, “não nos deixa sozinhos”, “nos dá o valor, nos dá a paciência, nos faz ir seguros pelo caminho de Jesus, nos ajuda a vencer as resistências e a ser fortes no martírio”. “Peçamos ao Senhor – exortou – a graça de compreender como a Igreja segue adiante. Compreender como desde o início enfrentou as surpresas do Espírito e, também, para cada um de nós, a graça da docilidade ao Espírito, para seguir pelo caminho que o Senhor Jesus quer para cada um de nós e para toda a Igreja”.