13 Abril 2016
"Que conduta prevalecerá na igreja católica com respeito aos 500 anos da Reforma?", questiona Luca Maria Negro, em artigo publicado por Riforma.it, 15-04-2016. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis o artigo.
Aos 30 de outubro de 2017 ocorre o 500° aniversário da afixação, sobre a porta do castelo de Wittenberg, das 95 teses de Martinho Lutero sobre as indulgências: o gesto que, simbolicamente, deu início à Reforma protestante. As igrejas evangélicas – e não só – estão se preparando para celebrar este evento a partir de 31 de outubro deste ano, com um encontro promovido pela Federação luterana mundial em Lund, na Suécia, ao qual tem sido convidados representantes de todas as igrejas cristãs, incluída a católica. Mas, em casa católica nem todos estão de acordo sobre a oportunidade de celebrar o aniversário da Reforma. Diz isso, sem tantos giros de palavras, o cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação vaticana para a Doutrina da Fé (o ex Santo Ofício) em seu último livro “Rapporto sulla speranza” [Relatório sobre a esperança], recém publicado na Espanha e de iminente publicação também na Itália.
“Estritamente falando, nós católicos não temos nenhum motivo para festejar o dia 31 de outubro de 1517, ou seja, a data considerada o início da Reforma que levou à ruptura da cristandade ocidental”, afirma o cardeal. E ainda: “Uma protestantização da Igreja católica a partir de uma visão secular sem referência à transcendência não só não nos pode reconciliar com os protestantes, mas sequer pode permitir um encontro com o mistério de Cristo”. O cardeal evita acuradamente falar e “igrejas” protestantes, definindo-as sempre “comunidades eclesiais”, e exalta o papel do documento vaticano Dominus Iesus de 2000, que acentuava precisamente que a única Igreja, em sentido próprio, seria a católica romana. Por sorte, a opinião do Prefeito é muito distante daquela expressa num documento da comissão luterano-católica sobre a unidade, de 2013, intitulado “Do conflito à comunhão. A comemoração comum luterano-católica da Reforma em 2017”. O documento abre com estas palavras: “Em 2017 os cristãos luteranos e católicos comemorarão conjuntamente o quinto centenário do início da Reforma.”.
Hoje entre luteranos e católicos estão crescendo a compreensão, a colaboração e o respeito recíprocos. Uns e os outros estão juntos a reconhecer que aquilo que os une é mais do que aquilo que os divide: acima de tudo a fé comum no Deus uno e trino e a revelação em Jesus Cristo, como também o reconhecimento das verdades fundamentais da doutrina da justificação” (§ 1). Que conduta prevalecerá na igreja católica com respeito aos 500 anos da Reforma? Aquilo que se reflete claramente no documento da comissão luterano-católica de diálogo, ou aquilo fechado do cardeal Prefeito? Veremos. Uma coisa é certa: os luteranos têm convidado o Papa Francisco ao encontro de Lund, do próximo dia 31 de outubro, e o Papa prontamente aceitou o convite.
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Por que celebrar juntos a Reforma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU