Às vésperas da Amoris laetitia: a pressa da curiosidade e a paciência da complexidade. Artigo de Andrea Grillo

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08 Abril 2016

Aconselho que se leia a "alegria do amor" com "amor pela alegria". Sem amor pela alegria, nunca poderemos ver a alegria do amor.

A opinião é do teólogo italiano Andrea Grillo, leigo casado, professor do Pontifício Ateneu S. Anselmo, de Roma, do Instituto Teológico Marchigiano, de Ancona, e do Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa Giustina, de Pádua.

O artigo foi publicado no seu blog Come Se Non, 06-04-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Entre os aspectos mais singulares dessa "expectativa" da nova exortação apostólica "sobre o amor na família", há uma tensão muito particular entre duas exigências opostas:

a) por um lado, talvez por causa de recentes incidentes com alguns jornalistas, nunca se viu um "silêncio" tão alto sobre um texto de publicação próxima. Quem o conhece não fala a respeito, e quem gostaria ou deveria falar a respeito não sabe nada dele.

b) por outro lado, existem alguns elementos do texto – o comprimento e o "estilo novo" – que aconselhariam uma leitura pacata e meditada. Parece precisamente que a Amoris laetitia não pode ser lida "na corrida": nem materialmente, porque é um documento muito longo, nem estilisticamente, porque parece que está escrito em um estilo "diferente" – como já vimos para a Evangelii gaudium.

E então? A combinação desses dois fatores poderia tornar os primeiros dias depois da publicação particularmente complexos e confusos.

Permito-me sugerir três pequenos remédios para diminuir a confusão:

a) desaconselho que se leia o documento apenas parcialmente: justamente a sua extensão poderia quase impor uma leitura apenas parcial e rapsódica, mas é preciso resistir a isso. Apenas na sua integralidade serão compreendidos realmente cada parte e o todo;

b) desaconselho que se leiam apenas as respostas aos problemas mais candentes, mas aconselho que se integrem essas importantes e esperadas respostas às propostas de vida cristã, na abordagem global à fé e ao mundo, como delineamento de um "estilo cristão" renovado e convertido;

c) aconselho que se leia a "alegria do amor" com "amor pela alegria". Já circularam nos últimos dias previsões e profecias inspiradas na tristeza, na desventura, no desencanto, na desconfiança, na resignação. Antes ainda de ler, há quem diga, não importa se com esperança ou temor: "Não haverá nada de novo".

Nunca pode haver nada de novo se não se espera nada. Tanto o desesperado quanto o presunçoso são sem esperança. Sem amor pela alegria, nunca poderemos ver a alegria do amor. Portanto, se um cardeal do outro lado do oceano diz: "O documento vai falar de matrimônio, não de divórcio", embora dizendo algo óbvio, ele parece querer se defender do texto e da história, mas poderia ficar surpreso ao ler, justamente no Evangelho, que Jesus não veio para os sãos, mas pelos doentes.

Estranhos paradoxos nos são reservados pela nossa fé no Kyrios. Para compreendê-los, é preciso unir, à impaciência da curiosidade, a pacatez da complexidade.