18 Março 2016
Quase 40 mil pessoas participam anualmente do Congresso sobre Educação Religiosa de Los Angeles, e na edição deste ano dois católicos transgêneros estiveram entre os que participaram após serem convidados a partilhar suas histórias. O sítio eletrônico Crux assim noticiou:
“Os organizadores do evento deste ano ouviram uma sugestão vinda da cultura popular e incluíram uma nova sessão, uma sessão que atraiu uma multidão de 750 pessoas, que aplaudiram de pé após as falas dos dois jovens, católicos comprometidos.”
A reportagem é de Bob Shine, publicada por New Ways Ministry, 10-03-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Os dois jovens que falaram durante a oficina, intitulada “Transgênero na Igreja: um só Pão, um só Corpo”, foram Matteo Williamson e Anna Patti.
Williamson, de 24 anos, falou sobre a sua criação católica e as experiências confusas que teve na Igreja. Mas sob a liderança do Papa Francisco, Williamson crê que “existe uma mudança nas pessoas em geral no sentido de entender algo que elas não haviam encontrado antes”.
Patti, 23, falou também sobre ser trans e católica. Ao Crux, ela disse:
“A espiritualidade católica e a tradição católica podem fornecer mais sustento, e também mais sensibilidade para dentro da experiência trans, do que qualquer outra coisa que eu já encontrei”.
O problema, na opinião dela, é que a Igreja nos EUA se envolve demais na política, especialmente em ações anti-LGBT, o que faz um ambiente ideal se transformar “no pior lugar imaginável”. Muitíssimas pessoas já se magoaram com a Igreja ou a consideram uma instituição transfóbica, de modo que não querem se envolver com a religião. Mas a sessão no Congresso em Los Angeles foi “uma experiência inesperadamente positiva” para Patti, que declarou:
“Eu não tinha me dado conta do quanto silenciosa eu sou dentro da Igreja (...). Na missa, eu me sento sempre no fundo, bem no canto, quase me fazendo invisível. Aqui foi o contrário, onde as pessoas queriam aprender sobre um assunto que é tão imediatamente condenado."
Ao explicar a decisão de ter uma sessão sobre identidade de gênero, o Pe. Christopher Bazyouros, que dirige o escritório para a educação religiosa da Arquidiocese de Los Angeles (organizadora do evento), disse:
“Não temos muitos espaços para que os católicos debatam estas coisas e que reúnam pessoas que tiveram experiências assim (...). Muitos católicos querem informações sobre esse assunto, eles querem elementos que os ajudem a compreender essa situação."
Bazyouros igualmente citou o desejo do Papa Francisco de que as pessoas encontrem umas às outras, dizendo que os diálogos começam de maneira mais fácil a partir da partilha de histórias pessoais. Com base nas respostas, parece que a sessão recebeu uma aprovação geral. Laura Wagner, que trabalha numa escola secundária católica, disse que participou do evento para aprender mais, e que a sessão lhe deu “muita esperança quanto ao futuro da Igreja”. Kevin Stockbridge, estudante de pós-graduação, afirmou que foi bom que os católicos transgêneros se expressassem, pois muitas vezes a questão fica silenciada.
Williamson e Patti foram claros ao dizer que ninguém espera que as pessoas se tornem especialistas em identidade de gênero. Em vez disso, o que se pede é um foco na aceitação e no amor. Patti acrescentou dizendo que “as coisas se resumem nisto: vocês estão dispostos a aceitar um outro ser humano, um filho de Deus?”
No momento em que a Igreja se debate com a questão da identidade de gênero em suas múltiplas facetas, esta conversa no Congresso de Los Angeles constitui um passo à frente importante na direção da construção de comunidades inclusivas de pessoas de todos os gêneros.
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Congresso sobre educação religiosa tem oficina sobre católicos transgêneros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU