Por: Cesar Sanson | 03 Março 2016
A líder indígena Berta Cáceres, uma das maiores ativistas sociais de Honduras, conhecida internacionalmente, foi assassinada na madrugada desta quinta-feira, 03 de março, quando homens desconhecidos invadiram sua casa, em La Esperanza, no Departamento de Intibucá.
A reportagem é de Cristina Fontenele e publicada por Adital, 03-03-2016.
A ativista, que lutava principalmente pelas causas ambientais e era coordenadora do Conselho dos Povos Indígenas de Honduras (Copinh), havia denunciado, semanas antes, que vinha sofrendo graves ameaças.
“Este é um ato que ocorre em um governo despótico porque ela tinha se mudado para uma casa segura, tentando proteger-se dos militares e dos capangas dos investidores das barragens dos rios, que a buscavam para matá-la, por sua luta em defesa da vida, dos povos indígenas e das mulheres”, denuncia a mãe de Berta, Austra Bertha Flores.
“Mataram minha irmã pela sua luta à queima roupa, após suas denúncias de ameaças de morte por esses malditos [pistoleiros], da Desa e Synohidro, que assassinaram uma lutadora sem guarda-costas, e que vivia sem riquezas nem ostentações, por isso, hoje, nós reclamamos de um Estado incapaz de cumprir as medidas de proteção que ‘Bertita’ tinha como recomendação da OEA [Organização de Estados Americanos] e da ONU [Organização das Nações Unidas]”, relata o irmão, Gustavo Cáceres.
Em comunicado, o Observatório Ecumênico Internacional de Direitos Humanos (OEIDH) denuncia o Governo de Honduras e as empresas transnacionais, que exploram os recursos naturais do país. A entidade exige que os organismos internacionais demandem do Estado uma resposta rápida pelo assassinato da líder indígena.
A União de Escritores e Artistas de Honduras também se manifesta sobre o assunto, afirmando que o assassinato de Berta constitui um dos atos mais vergonhosos de repressão que o regime do presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, realizou contra as lutas pela defesa dos direitos do meio ambiente.
“Uma vez mais, os matadores (sicarios) do lucro insaciável nos arrebatam fisicamente uma das imprescindíveis”, expressa a Articulação Continental dos Movimentos Sociais para a Alba [Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América]. O Comitê de Familiares de Detidos-Desaparecidos também condena o assassinato político da líder indígena.
Em 2015, Berta recebeu o prêmio internacional Goldman, por sua luta em prol do meio ambiente e em defesa das comunidades rurais de Honduras. Quase 30% das terras do país estão concedidas a atividades de mineração, e têm crescido os megaprojetos hidrelétricos, com o governo aprovando centenas de barragens em todo o país, privatizando rios e deslocando comunidades. Em 2006, os membros da comunidade de Río Blanco pediram ajuda ao Copinh para defenderem-se das agressões contra o seu território ancestral.
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Transnacionais e governo seriam responsáveis pelo assassinato de ativista hondurenha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU