05 Fevereiro 2016
Kin Sheung Chiaretto Yan é um teólogo leigo católico chinês que vive em Xangai e é pesquisador do Instituto Universitário Sophia, de Loppiano, na Itália, além de autor de Il Vangelo oltre la Grande Muraglia. Sfide e prospettive del cristianesimo in Cina (Emi), recentemente apresentado no Vaticano. Com ele, falamos sobre a histórica entrevista de Francisco ao jornal Asia Times.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 02-02-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
É a primeira vez que um papa envia os votos para o Ano Novo chinês ao povo chinês e ao presidente Xi Jinping pelo novo ano lunar em 2.000 anos. São as bases para uma possível viagem histórica de Francisco, na sua opinião?
Eu acho que sim. É um gesto filho de uma relação construída ao longo do tempo, especialmente nos últimos anos, pelo próprio Francisco. Desde o início do seu pontificado, o papa se inspirou em Matteo Ricci, o missionário que soube se tornar amigo do povo chinês. A amizade que ele propõe pode ser bem aceita na China e permitir a viagem.
A diplomacia de Francisco se dá sempre sobre a insígnia da amizade. Ele não parece ter objetivos geopolíticos. Essa também é a sua sensação nas relações de hoje do Vaticano com a China?
Sim, é exatamente isso. A Igreja, como instituição, não tem interesses geopolíticos ou econômicos próprios. Justamente por esse motivo, a Igreja pode desempenhar um papel de intermediação importante também no cenário mundial, como foi mostrado nos últimos tempos. Além disso, a própria cultura chinesa poderá enriquecer a Igreja. O enriquecimento será recíproco.
Durante anos, falou-se de duas Igrejas presentes na China, uma clandestina e uma não. Está certa essa leitura?
Essa leitura, hoje, não está mais certa. No passado, quando a China começou a se abrir para o mundo nos anos 1980, havia, de fato, duas atitudes diferentes por parte parte dos católicos chineses. Hoje não. Hoje, não existe uma Igreja mais fiel ao papa do que outra. O papa disse claramente que a Igreja é uma só. E a estrada que ele percorre é a da reconciliação e da misericórdia.
Embora em minoria, como vivem os católicos no país?
Os católicos devem viver com simplicidade o seu testemunho evangélico. Testemunho de amor por todos. Devem se integrar e reabilitar a sociedade. E amar a Igreja e o país.
Como o papa é visto, hoje, pelo povo chinês? Eles conhecem Francisco?
Ele é visto como uma figura importante, um grande líder espiritual que sabe estar próximo dos últimos.
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Papa Francisco concede entrevista histórica ao jornal Asia Times - Instituto Humanitas Unisinos - IHU