02 Fevereiro 2016
Os vetos da presidente Dilma Rousseff ao Plano Plurianual (PPA) para o período 2016-2019, publicados há três semanas, reduzem a prioridade para a promoção da geração de alguns tipos de energias renováveis alternativas. São consideradas "alternativas" energias como a solar e eólica.
A reporagem foi publicada por Instituto Socioambiental - ISA, 01-02-2016.
Em especial, foram excluídos itens relacionados à implantação de fontes solares em instalações públicas em geral e ao incentivo à “geração distribuída”, modalidade também considerada alternativa e pela qual empresas e residências produzem energia (leia mais no quadro abaixo). No primeiro caso, foi mantido apenas um item para apoio à implantação de geração solar em instituições de ensino federais, e mesmo assim com ressalvas. No segundo caso, foi mantido apenas um item para “promoção de estudos e normas sobre comercialização de Geração Distribuída”.
“Nesse ritmo, levaremos muitos anos até que uma política de massificação da geração distribuída esteja implementada e com resultados expressivos. Por outro lado, a construção de hidrelétricas e termelétricas, e até mesmo de usinas nucleares, seguem privilegiadas nos planos de governo”, comenta Ciro Campos, assessor do ISA.
Foi vetado todo um objetivo, o 1169, o único que estabelecia uma meta numérica, de adicionar 13,1 mil megawatts (MW) à matriz energética, especificamente por meio de “geração distribuída, inclusive com utilização de resíduos sólidos urbanos” e “fonte solar fotovoltaica”, além de “projetos de desenvolvimento de fontes renováveis para geração de energia e de uso racional de energia elétrica e dos recursos hídricos”. Com o veto, o documento deixou de estabelecer qualquer meta numérica específica para geração distribuída e solar.
Permaneceu a meta de adicionar à matriz energética 14,6 mil MW por meio de hidrelétricas e realizar estudos para implantação de outros 12,8 mil MW, a maior parte na região Amazônica. Também foi mantida a meta de gerar 7,5 mil MW com usinas eólicas. Para as “outras fontes alternativas” – onde não se sabe se está incluída ou não a geração por energia solar – a meta que restou é de apenas 810 MW, porém.
Dilma vetou muitos itens relacionados às energias alternativas, mas, de fato, vários outros que dizem respeito a esse tipo de energia foram mantidos (veja tabela). Por causa disso, na justificativa dos vetos, a Presidência argumenta que havia “redundância” nesses pontos.
Nenhum trecho no PPA que trata especificamente de hidrelétricas, termelétricas e nucleares foi vetado. A energia nuclear segue prestigiada no documento, com previsão da implantação da usina nuclear de Angra 3 e a realização de estudos para construção de mais 4 usinas nucleares.
“Além disso, permanecem mais de 20 atividades relacionadas à energia nuclear, como incentivo à indústria, formação de recursos humanos, aperfeiçoamento do marco jurídico e fornecimento de combustível nuclear. A energia nuclear tem muita prioridade e as redundâncias no documento sobre esse tópico foram ignoradas”, destaca Campos.
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Vetos de Dilma ao PPA reduzem prioridade para energias alternativas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU