‘O Brasil não precisa das hidrelétricas no Tapajós’, diz pesquisador da USP

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02 Fevereiro 2016

“O Brasil não precisa das usinas hidrelétricas no Tapajós. O Brasil não precisa de usinas hidrelétricas, não precisa de mais energia”, afirmou em entrevista a TV Tapajós o professor do Instituto de Energia e Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), Célio Bermann, convidado pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF) para participar da audiência pública realizada nesta sexta-feira (29), em Santarém, oeste do Pará.

A reportagem foi publicada por G1, 30-01-2016.

O evento, que teve grande participação da população, discuti os possíveis impactos ambientais com a construção da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Lideranças indígenas, entidades não governamentais, cientistas e pesquisadores também estiveram presente.

Bermann relatou o receio que tem quanto as usinas hidrelétricas previstas para serem construídas no Rio Tapajós. No projeto do governo federal, ele afirma que a usina de São Luiz do Tapajós deve ser a primeira a ser construída. “Nós temos um problema sério atualmente em relação a dinâmica econômica. A crise faz com que sejamos obrigados a buscar recursos para o aumento da oferta de energia elétrica no exterior, no caso das usinas do Tapajós, aparentemente são os chineses que estão promovendo os projetos e possibilitando sua execução. Não creio que eles tenham experiência para lidar com as questões de complexidade social e ambiental desta região, e por isso eu apresento meu temor de que esses projetos sejam constituídos”.

De acordo com o pesquisador da USP, a energia elétrica quando produzida não vai apenas para as casas. Bermann informou que 50% de toda produção é destinada às indústrias, e somente 22% da demanda da eletricidade é destinada para a população. “É falso dizer que a usina atende a população brasileira. Ela pode atender 22% em função dessa conta que estou apresentando (…). Nós precisamos tratar de rever a nossa demanda por eletricidade. É falso dizer que a usina de São Luiz do Tapajós, com cerca de 6 mil megawatts seja capaz de fornecer para não sei quantos milhões de brasileiros”, revelou.

Prejuízo econômico

A mestre em Ciências Ambientais, Camila Jericó-Daminello, especialista na avaliação e valoração de serviços ecossistêmicos destacou sobre o estudo da organização Conservação Estratégica (CSF) que ela está conduzindo sobre a hidrelétrica.

Durante exposição, Camila ressaltou os prejuízos econômicos que a população terá com a instalação da usina. “É uma renda de subsistência. Eles vivem dos produtos retirados da floresta e do rio. Isso é importante para as populações locais. Com a construção vai ter o desmatamento, isso reduzirá o acesso aos recursos naturais. Em alguma parte deixarão de ter acesso, uma perda econômica para as famílias. Vai ser necessário a compra do pescado. São pessoas da zona rural, ribeirinhos e indígenas. Mais de 27 mil famílias deixariam de ter acesso aos recursos naturais em 50%, em um ano uma família perderia quatro mil reais”, avaliou.

O procurador da república, Camões Boaventura preferiu não dizer quais medidas o órgão pretende tomar após a audiência. “A preocupação do MPF, sobretudo, é que haja observância da legislação, da constituição federal, legislação ambiental e normativa internacional. Quanto aos impactos são os mais diversos possíveis”.