17 Dezembro 2015
Os últimos 50 anos foram um processo "concentrado" de interpretação e revisitação contínua dos documentos conciliares e das suas escolhas qualificadoras de um processo de renovação na continuidade, inaugurada justamente pelo Concílio, afirma o arcebispo metropolitano de Catanzaro-Squillace, Vincenzo Bertolone.
A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no seu blog Oltretevere, 14-12-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Durante o debate hermenêutico até agora desenvolvido, é possível identificar tanto um primeiro filão de adesão entusiástico ao evento ecumênico, para compreendê-lo e implementá-lo nas suas reivindicações reformadoras, quanto um interesse diferente de ordem histórico-crítico", afirma o presidente dos prelados da Calábria.
"Isso sinaliza o resultado, que, ao menos em alguns, teria levado a um certo sentimento 'anticonciliar' (no horizonte de uma hermenêutica que já definimos como de descontinuidade), enquanto agora, em vez disso, sublinha a sua continuidade. Ela deve ser captada, em particular, na impressionante autorreforma da Igreja induzida pelo Concílio Vaticano II."
O Papa Bento XVI, falando à Cúria no dia 22 de dezembro 2005, exclamou: "O último evento deste ano sobre o qual eu gostaria de me deter nesta ocasião é a celebração da conclusão do Concílio Vaticano II há 40 anos. Tal memória suscita a pergunta: qual foi o resultado do Concílio? Ele foi recebido do modo justo? O que, na recepção do Concílio, foi bom, o que foi insuficiente ou equivocado? O que resta a ser feito? Ninguém pode negar que, em vastas partes da Igreja, a recepção do Concílio se desenvolveu de um modo bastante difícil. Emerge a pergunta: por que a recepção do Concílio, em grandes partes da Igreja, até agora foi tão difícil? Pois bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou – como diríamos hoje – da sua justa hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação. Os problemas da recepção nasceram do fato de que duas hermenêuticas contrárias se encontraram em confronto e brigaram entre si. Uma causou confusão, a outra, silenciosamente, mas cada vez mais visivelmente, trouxe e traz frutos. Por um lado, existe uma interpretação que podemos chamar de 'hermenêutica da descontinuidade e da ruptura'; não raramente, ela pôde se valer da simpatia dos meios de comunicação, e também de uma parte da teologia moderna. Por outro lado, há a 'hermenêutica da reforma', da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos deu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo, porém, sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho. A hermenêutica da descontinuidade corre o risco de acabar em uma ruptura entre Igreja pré-conciliar e Igreja pós-conciliar."
Nesse sentido, o Concílio, embora formalmente encerrado, ainda está aberto sobre todos os temas em pauta.
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A atualidade do Concílio, segundo Joseph Ratzinger - Instituto Humanitas Unisinos - IHU