29 Outubro 2015
Mais duas nomeações surpreendentes anunciadas nessa terça-feira pelo papa: um pároco de Modica, Corrado Lorefice, 53 anos, será arcebispo de Palermo; e um bispo auxiliar de Roma, Matteo Maria Zuppi, 60 anos, se tornou arcebispo de Bolonha. Eles assumem o lugar dos cardeais Paolo Romeo e Carlo Caffara, que renunciaram por idade, ambos com 77 anos.
A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 28-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Trata-se de duas escolhas surpreendentes – embora antecipadas pela mídia – por estarem em descontinuidade com os critérios tradicionais de nomeação dos bispos das grandes sedes, que, antigamente, se chamavam de "cardinalícias".
O critério tradicional dizia que, à frente das capitais, deviam ser postos eclesiásticos com vasta experiência e – se possível – com alguma etapa romana no seu currículo. O critério que Francisco parece seguir, ao contrário, é o da saída das corjas eclesiásticas e da aproximação às "ovelhas".
Zuppi já era bispo há três anos: a sua nomeação foi uma das últimas do Papa Bento XVI. Ele nasceu e viveu em Roma, foi pároco de Santa Maria em Trastevere do ano 2000 a 2010 e, depois, em Torre Angela, uma periferia com predominância nigeriana.
Ele foi assistente da Comunidade de Santo Egídio e, com a comunidade, trabalhou em proximidade com os idosos, os imigrantes, os Rom, os toxicodependentes. Sempre com a Santo Egídio, ele se interessou pela África: das iniciativas para a libertação de missionários sequestrados às mediações de paz, particularmente em Moçambique e em Burundi, neste caso colaborando com Nelson Mandela. Muito popular, muito acessível, ele circula pela cidade de bicicleta.
Corrado Lorefice, até recentemente, era pároco e teólogo, comprometido na frente do combate cultural contra a máfia: escreveu um livro sobre Puglisi intitulado La compagnia del Vangelo. Discorsi e idee di don Pino Puglisi a Palermo [A companhia do Evangelho. Discursos e ideias do padre Pino Puglisi em Palermo]. Nasceu em Ispica, em Ragusa, e ultimamente era pároco da Igreja de São Pedro Apóstolo, em Modica, e professor do Studio Teologico San Paolo, de Catânia.
Para entender a medida audaz do papa, basta lembrar o currículo dos antecessores em Palermo ao longo dos últimos 70 anos: Ernesto Ruffini (1945-1967) e Francesco Carpino (1967-1970) vinham da Cúria Romana; Salvatore Pappalardo (1970-1996), da diplomacia vaticana; Salvatore De Giorgi (1996-2006), da experiência romana de assistente da Ação Católica; Paolo Romeo (2006-2015), da diplomacia vaticana.
O Papa Bergoglio já tinha mostrado várias vezes a sua decidida vontade de sair dos critérios tradicionais nas nomeações de bispos e cardeais. Por exemplo, com a nomeação a cardeal dos arcebispos de Perugia (Bassetti), Ancona (Menichelli) e Agrigento (Montenegro), que não eram "sedes cardinalícias". E também com a chamada como secretário da Conferência Episcopal Italiana (CEI) do bispo – então desconhecido – de Cassano all'Ionio, Nunzio Galantino. Ou com as recentes nomeações de um pároco de Forlì, Erio Castellucci, como arcebispo de Modena; e de um pároco de Mântua, Claudio Cipolla, como bispo de Pádua, que é a quarta diocese da Itália em número de habitantes.
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Itália. Dois padres das ruas se tornam arcebispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU