Por: André | 24 Outubro 2015
Está sendo finalizado o texto do Sínodo sobre a Família, que foi revisado entre a sexta-feira e a manhã do sábado, quando será votado pelos padres sinodais. Mas já existe o rascunho geral e conta com a “satisfação” dos padres sinodais. A confirmação vem pelo porta-voz vaticano, Federico Lombardi, e feita na coletiva de imprensa diária.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada por Vatican Insider, 23-10-2015. A tradução é de André Langer.
A assembleia sobre a família, que começou no dia 4 de outubro, está chegando ao seu fim. A relação final foi elaborada por uma comissão especial com base nas 1.355 mudanças (modos) feitas no documento de trabalho base (o Instrumentum laboris) que foram propostas durante as três semanas de trabalho nos grupos linguísticos (os circuli minores). Em vista da votação deste sábado, um primeiro rascunho do documento – ao contrário do que aconteceu durante o Sínodo extraordinário do ano passado – foi apresentado na quinta-feira aos padres sinodais. Na manhã da sexta-feira, 23 de outubro, aconteceu a discussão sobre o documento e surgiram novas modificações.
A comissão agora terá que “integrar, na medida do possível”, as últimas “observações” feitas, explicou Lombardi. “Trata-se de pequenos detalhes”, indicou durante a coletiva de imprensa o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz. “Creio – comentou – que a maior parte do trabalho já está feito”, pelo que, indicou, agora se trata de “afinar” o texto. Por este motivo, equivocam-se aqueles que consideram que, para obter um amplo consenso, a comissão “diluiu” o texto: “como se nenhum ponto tivesse sido realmente enfrentado”.
O documento final, prosseguiu Turkson, “respeita os diferentes pontos de vista”, mas também toca “os pontos fortes” sem esquecer a “colegialidade” dos bispos de todo o mundo reunidos durante estas semanas de trabalho no Vaticano. Nem mesmo no Sínodo de 2014, de qualquer maneira, indicou o cardeal de Gana, não se teve a impressão de “dois blocos contrapostos”.
Na manhã da sexta-feira, referiu Lombardi, intervieram brevemente 51 padres sinodais e “todos fizeram calorosos agradecimentos, de admiração, pelo trabalho da comissão, porque se trata de um texto muito mais ordenado e satisfatório, segundo os padres, que o Instrumentum laboris, que era mais fragmentado, menos organizado e coerente. Apesar disso, naturalmente – acrescentou –, o objetivo das intervenções era introduzir novas melhorias”. “Fui relator de Sínodos de anos passados”, indicou por sua vez Turkson, e por isso “compreendo o trabalho que estão fazendo os meus irmãos” da comissão e “expresso grande admiração” por eles. “Esta tarde [da sexta-feira] terão tempo para incorporar as novas contribuições e amanhã [sábado] apresentar o texto sobre o qual todos poderemos manifestar nosso acordo”.
Quanto ao texto, não foram oferecidos muitos detalhes durante a coletiva de imprensa vaticana, porque se trata de um documento que só será publicado depois da votação, parágrafo por parágrafo, no sábado. No ano passado, o Papa decidiu, ao final do Sínodo extraordinário, publicar tanto a relação final como os votos, e este ano poderia tomar a mesma decisão.
As intervenções da manhã da sexta-feira, disse Lombardi, abordaram uma “gama muito ampla” de temas, “as referências bíblicas utilizadas, os migrantes, a formação, a pastoral, o acompanhamento, a educação, a espiritualidade e o sofrimento da cruz na experiência das famílias”. Além disso, uma série de “discursos concentrou-se sobre a complexa relação entre a consciência e a lei moral”, disse Lombardi, sem especificar se outras questões foram discutidas, como o recurso ao “foro interno” para enfrentar a questão da comunhão aos divorciados recasados, segundo indicou o círculo de discussão de língua alemã.
Dom Lucas Van Looy, bispo de Gante (Bélgica), destacou que “o documento tenta dar a devida atenção a todas as situações dos diferentes países, diferentes nações e diferentes culturas, e a consciência das pessoas nestes contextos. É verdade que a consciência responde a uma graça do Senhor, mas esta consciência também deve ser educada e o itinerário da educação da consciência, obviamente, será diferente dependendo do ponto de partida das pessoas. O ponto de partida será diferente dependendo se seu fundo cultural é asiático, africano ou europeu”. Seja como for, “poderemos não ter um consenso sobre tudo, mas o Santo Padre ouviu o peso de todas as intervenções”.
Quanto às famílias, indicou, “aqueles que têm mais dificuldades exigem mais atenção. O mesmo acontece na escola; os alunos que têm mais dificuldades recebem maior atenção. Talvez por isso no Sínodo se deu mais atenção às famílias que têm dificuldades para serem fiéis nas diferentes maneiras que podem”, disse o bispo belga, que citou três episódios evangélicos que lembrou durante estas três semanas: “a mulher adúltera que se encontra com Jesus, o filho pródigo a quem o pai acolhe e o homem à beira do caminho acolhido pelo samaritano”.
O cardeal Gerard Cyprien Lacroix, arcebispo de Québec (Canadá), também participou da coletiva de imprensa e disse que “o trabalho que fazemos não será transformado em um texto legislativo, mas será um texto que reunirá o que dissemos; pode ser que não haja unanimidade, mas isso não é um problema: apresentamos ao sucessor de Pedro a nossa reflexão, e ele nos ajudará a seguir em frente. Quando todos pensam igual, ninguém pensa. No Sínodo, trata-se sempre de descobrir o melhor caminho a seguir e isso é um sinal de boa saúde”.
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O Sínodo faz os últimos retoques no texto antes da votação deste sábado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU