12 Outubro 2015
Versões vaticanas. O cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo metropolitano de Manila, considerado papável para o futuro, afirma: "Haverá um documento final do Sínodo? Essa é uma decisão do Papa Francisco". O padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa, jesuíta de tom nunca duro: "Como ocorrerá a conclusão deste processo sinodal? Ainda não temos clareza. O papa não deu indicações".
A reportagem é de Carlo Tecce, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 11-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Há dois indícios de fontes autorizadas, mas não são nem a metade de uma prova. No entanto, não faltam as interpretações e, acima de tudo, as apreensões dos reformistas próximos de Jorge Mario Bergoglio, daqueles que pressionam por uma abertura aos divorciados recasados, aos homossexuais, ao "mundo real" (definição de inúmeros bispos).
O documento final não vincula o pontífice, a assembleia dá conselhos, não ordens, mas também mede a harmonia ou as tensões que marcam três semanas intensas de intervenções, discussões, relatórios.
Não propor o documento final, então, seria uma desfeita do Sínodo. O projeto deve ser votado parágrafo por parágrafo, com uma maioria muito ampla (dois terços) até o sábado, 24 de outubro, antes de uma cerimônia de agradecimento e o coro dos mais de 270 Padres sinodais para o canto do Te Deum.
O documento final inclui o trabalho dessas semanas, as reflexões dos 13 círculos menores (formados por idioma), que abordaram o Instrumentum laboris – o texto-base – dividido em três partes.
O pontífice preparou a assembleia sinodal para obter um resultado concreto sem cair nas armadilhas dos mais conservadores: não existe um documento intermediário, e uma comissão que ele nomeou supervisiona os círculos menores.
Bergoglio não quer um plebiscito, uma maioria simples não o assusta. No ano passado, para o Sínodo extraordinário sempre sobre o tema família, também houve divisões marcantes entre os bispos, mas para Bergoglio isso não foi uma derrota.
Sobre os divorciados recasados e as uniões gays, indicam no Vaticano, a abordagem da Igreja mudou. Mas permanece ativa a parte reacionária que se aninha na Cúria ou provém dos Estados Unidos e da África.
Este Sínodo é a etapa de montanha do percurso inaugurado há 12 meses. O pontífice argentino não pode dilacerar a Igreja nem arrancar um compromisso. A introdução do cardeal Peter Erdö não entusiasmou os progressistas, mas, em seguida, o próprio pontífice, também através de um discurso não previsto, iniciou as mediações. Que não podem terminar sem um documento final. Caso contrário, seria realmente um desastroso desmoronamento para o pontificado de Francisco.
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Documento final do Sínodo se torna um enigma - Instituto Humanitas Unisinos - IHU