Por: André | 14 Outubro 2015
O Papa Francisco convidou para “não reduzir o tema do Sínodo à comunhão de divorciados e recasados”, ao mesmo tempo que recordou “que a doutrina católica sobre o matrimônio não foi posta em dúvida”. O Pontífice falou nesta terça-feira, 06 de outubro, aos mais de 270 bispos e dezenas de ouvintes e especialistas, em uma intervenção que em princípio não estava prevista.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 06-10-2015. A tradução é de André Langer.
O porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, relatou, durante o briefing informativo, o conteúdo das sessões de debate da segunda-feira à tarde e da manhã da terça-feira, das quais participaram 72 padres sinodais representativos dos cinco continentes.
Nesta primeira semana, a assembleia do Sínodo discute sobre o desafio: “Escutar os desafios da família”. A segunda semana estará dedicada ao argumento “O discernimento da vocação familiar” e a terceira à “A missão da família de hoje”.
O padre italiano Antonio Spadaro, por sua vez, acrescentou que o Papa pediu para “não ceder à hermenêutica conspiratória, que é sociologicamente fraca e não ajuda espiritualmente”, ao mesmo tempo que pediu ao Sínodo um “profundo discernimento” para tentar compreender como o Senhor quer sua Igreja.
Este segundo Sínodo sobre a Família elaborará a partir dos resumos realizados pelos chamados Círculos Menores, em que os participantes são divididos por idiomas, a Relatio finalis, que será o documento final de conclusões e que deverá ser votado no dia 24 de outubro. Sobre a possível participação do Papa nos debates de Círculos Menores, disse que “não está prevista”. “Mas, já o veremos, porque o Papa é livre e pode fazer o que quiser”, precisou.
Por último, Lombardi acrescentou que, segundo o Papa, do Sínodo de Bispos realizado no ano passado há apenas três documentos oficiais, que são seus dois discursos e a Relatio Finalis, o último relatório que foi votado pelos padres sinodais e que não encontrou acordo nem soluções sobre as novas formas de convivência ou se se deve dar a comunhão aos divorciados recasados ou não.
Apareceu ao menos 10 vezes a proposta de fomentar um catecumenato para os casais, antes e depois da celebração do casamento, durante as sessões do Sínodo da Família, que começou na segunda-feira 05 de outubro. Foi o que explicou o padre canadense Thomas Rosica durante o briefing informativo realizado na terça-feira para dar conta do conteúdo das intervenções.
Neste sentido, o porta-voz do Vaticano, o Pe. Federico Lombardi, especificou que muitas das intervenções insistiram na necessidade do aumento da fé na vida das famílias e do acompanhamento necessário dos casais, assim como em uma boa preparação para o matrimônio.
Além disso, Rosica defendeu que “o papel do padre é indispensável na formação de casais”, ao mesmo tempo que detalhou que “a família é a nova protagonista da nova evangelização, é modelo de matrimônio e de cura dos problemas”. “Não devemos condenar a cultura em que vivemos, mas a cultura é o lugar de onde deve surgir a evangelização”, assinalou.
Convidado para responder às perguntas dos jornalistas, o arcebispo Claudio M. Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, disse que “o Sínodo tem uma visão ampla. A Igreja é universal, não um gueto”, e assegurou que na Aula Sinodal “respira-se uma Igreja guiada pelo Espírito Santo que sopra para onde quer e que surpreende continuamente”.
Também esteve na Sala de Imprensa o arcebispo de Gatineau e presidente da Conferência dos Bispos do Canadá, Paul-André Durocher. Na sua opinião, os “bispos estão de acordo em que os ensinamentos da Igreja vêm de Cristo, não apenas para a Igreja, mas também para o mundo”, e destacou a importância da inculturação: “É necessário entender as bases sobre as quais se apóia o Evangelho em nossa cultura”.
Entre a tarde da segunda-feira e a manhã da terça, aconteceram a 2ª e a 3ª Congregações Gerais, nas quais falaram 72 padres sinodais, representantes de todos os continentes e em vários idiomas. Cerca de 36 pontos da primeira parte do Instrumentum Laboris foram citados nas discussões, abarcando de forma mais geral as realidades mais concretas de cada país.
Por exemplo: participantes da América Latina denunciaram “pressões econômicas” em seus países para impor uma “ideologia de gênero” que “busca nos fazer crer que qualquer diferença é uma injustiça”, foi explicado na entrevista coletiva. Os africanos descreveram desafios como o da poligamia; e os patriarcas orientais colocaram sobre a mesa a problemática derivada das migrações.
Outros falaram da necessidade de uma pastoral que se preocupe em fortalecer o vínculo do matrimônio e com a importância de criar condições para ajudar os casais com problemas concretos. Nas palavras de um padre sinodal (nestas informações aos jornalistas não se cita o autor de cada declaração), “temos que ter a Palavra de Deus em uma das mãos e o jornal na outra”.
Houve intervenções referentes à revolução cultural e mudança de época em que se situam os trabalhos do Sínodo; à linguagem que a Igreja deve adotar para falar ao homem e à família de hoje, e evitar interpretações negativas; à importância dos idosos na instituição familiar; à violência na família e na sociedade. E muitos insistiram numa perspectiva de esperança no anúncio do Evangelho por parte das famílias no mundo de hoje. Outros padres pediram soluções tão específicas como facilitar o batismo para casais de não batizados que vivem juntos e querem casar na Igreja.
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O Papa convida para “não reduzir o Sínodo à comunhão aos divorciados recasados” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU