Por: André | 07 Outubro 2015
Disse que não falou antes por medo de represálias nas Forças Armadas. Detalhou que um ex-comandante da Força Aérea Boliviana (FAB) decidiu pôr um fim à vida do padre Luis Espinal para evitar a publicação de denúncias de corrupção nessa instituição e que um coronel formou a equipe armada que executou o crime e que seria a mesma que operou a chacina da Rua Harrington, em 1981.
A reportagem é de Carlos Corz e publicada pelo jornal boliviano La Razón, 06-10-2015. A tradução é de André Langer.
O ex-coronel Roberto Meleán, condenado a 30 anos de prisão pelo desaparecimento de um universitário em 1980, identificou na terça-feira dois militares como os autores intelectuais do assassinato do padre Luis Espinal. Disse que os autores materiais foram outros quatro homens e que a decisão foi tomada porque o padre jesuíta faria uma denúncia no extinto semanário Aquí, do qual era diretor, de corrupção na Força Aérea Boliviana (FAB). Acrescentou que pagaram entre 200 mil e 700 mil dólares para executar o assassinato.
“Os autores intelectuais são o coronel Jaime Niño de Guzmán (ex-comandante da FAB) e o coronel Freddy Quiroga Reque. Os autores materiais são: Carlos Unzueta Barrientos, Javier Valdez, apelidado de Lince, Mario Elguero Larrea e seu irmão”, afirmou o militar, que cumpre pena há sete anos na prisão de segurança máxima de Chonchocoro.
Espinal foi sequestrado na noite do dia 21 de março de 1980 na saída de um cinema. Um dia depois foi encontrado seu corpo sem vida com sinais de tortura e marcas de tiros de arma de fogo. Foi diretor do semanário Aquí, onde foram publicadas denúncias contra as Forças Armadas, o que provocou ameaças, amedrontamento e a explosão de uma bomba em seus escritórios.
Meleán foi condenado pelo desaparecimento do universitário Renato Ticona em 1980, em Oruro. Consultado sobre a causa do assassinato, respondeu: “O motivo, a causa, é a negociação, a corrupção envolvendo estes Hércules C-130... era um mau negócio para a Força Aérea. Era um negócio para Niño de Guzmán, e o padre Espinal faria a denúncia desta corrupção e por isso o mataram. Foi oferecida uma soma de dinheiro, cerca de 200 mil dólares, segundo alguns, e 700 mil, segundo outros”.
Detalhou que Quiroga Reque foi o responsável pela criação do grupo armado que acabou com a vida do Pe. Espinal e que foi o mesmo grupo que cometeu a chacina da Rua Harrington, de La Paz, em janeiro de 1981.
O ex-militar esclareceu que não fez a revelação antes porque temia ser expulso das Forças Armadas. “Faço-o de forma patriótica, em troca de nada e de forma desinteressada. Por que o faço só agora? Porque antes eu estava na ativa, nesse tempo me cortariam a cabeça, não se podia declarar”, explicou.
Frank Campero, advogado de Meleán, afirmou que assim que se abrir um processo pedirá que os padres Xavier Albó e Eduardo Pérez sejam convocados para declarar.
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Ex-militar acusa dois coronéis como autores do assassinato do padre Espinal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU