28 Setembro 2015
Ao celebrar a missa com cerca de 25.000 pessoas no Madison Square Garden nessa sexta-feira, o Papa Francisco refletiu sobre a dificuldade de viver como cristão em uma cidade grande – onde as pessoas podem se sentir sozinhas no meio da multidão ou oprimidas pelo ritmo de vida.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada no sítio National Catholic Reporter, 25-09-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em uma homilia em uma das mais populares salas de concerto do mundo, o papa ecoou um tema que alguns podem conhecer a partir da popular música de Bruce Springsteen: "It's so hard to be a saint in the city" [É tão difícil ser santo na cidade].
Mas o pontífice disse a uma multidão esmagadora durante a sua segunda missa pública nos EUA que os cristãos têm uma esperança especial. Mesmo na agitação, eles sabem que Jesus "ainda caminha pelas nossas ruas".
"Viver em uma cidade grande nem sempre é fácil", disse Francisco na sua homilia, focada no famoso ensinamento de Jesus no Evangelho de Mateus em que Ele exorta os seus seguidores a darem a outra face e a amarem os seus inimigos.
"No entanto, as grandes cidades são um lembrete das riquezas ocultas presentes no nosso mundo: na diversidade das suas culturas, tradições e experiências históricas", disse o papa. "As grandes cidades reúnem todas as formas diferentes pelas quais nós, seres humanos, descobrimos como expressar o sentido da vida, onde quer que estejamos."
Apesar dos aspectos positivos da vida na cidade, porém, Francisco disse que há um perigo. A mistura às vezes avassaladora de pessoas e eventos permite que certos rostos passem despercebidos, disse.
Identificando esses rostos, o pontífice disse: "Eles são os estrangeiros, as crianças sem escolaridade, aqueles privados de seguro médico, os sem-teto, os idosos esquecidos".
"Essas pessoas ficam às margens das nossas grandes avenidas, nas nossas ruas, em um anonimato ensurdecedor", disse. "Eles se tornam parte de uma paisagem urbana que é cada vez mais evidente, diante dos nossos olhos e, especialmente, nos nossos corações."
Os cristãos que vivem nas cidades, disse Francisco, são chamados a "sair ao encontro dos outros e a compartilhar a boa notícia de que Deus, nosso Pai, caminha ao nosso lado".
"Ele nos liberta do anonimato, de uma vida de vazio e egoísmo, e nos leva à escola do encontro", afirmou o papa. "Ele nos retira da briga da competição e da autoabsorção, e abre diante de nós o caminho da paz."
Essa paz, disse o pontífice, "nasce da aceitação dos outros" e "preenche o nosso coração sempre que olhamos para os necessitados como nossos irmãos e irmãs".
Depois da Comunhão, logo após uma frase do cardeal Timothy Dolan agradecendo Francisco pela sua visita, os participantes da missa irromperam com uma ovação de pé que deixou Francisco lutando contra um sorriso.
Depois disso, o papa fez aquele que se tornou o seu pedido típico: "Não se esqueçam de rezar por mim".
A missa de sexta-feira foi o último evento público de Francisco em Nova York, onde ele estava desde quinta-feira à tarde. O papa está em uma viagem de seis dias a três cidade dos EUA. Primeiro, ele visitou Washington e viajou para a Filadélfia neste sábado pela manhã.
A celebração no Madison Square Garden foi realizada sob forte esquema de segurança em Nova York. No caminho até lá, Francisco fez um passeio de papamóvel através do Central Park. Dezenas de policiais à paisana corriam ao lado do veículo, que se locomovia no centro da rua, a muitos metros de distância das multidões reunidas pelo caminho.
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Em missa em Nova York, Francisco descreve como ser santo na cidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU