08 Setembro 2015
Irmã Norma Pimentel, da Congregação das Missionárias de Jesus, segura um recém-nascido no centro humanitário que ela iniciou na Igreja do Sagrado Coração durante a onda imigratória em 2014 nos EUA. (Herminia Forshage / Cortesia de Catholic Charities of the Rio Grande Valley)
Ela foi “bombardeada” com cumprimentos e abraços depois que recebeu o telefonema com um convite para se encontrar com o Papa Francisco em sua visita aos Estados Unidos entre os dias 22 e 27 de setembro. Porém a maior surpresa da Irmã Norma Pimentel veio na segunda-feira, quando o papa a chamou para a frente do público durante uma videoconferência.
A reportagem é de Nuri Vallbona, publicada por National Catholic Reporter, 03-09-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Diante de aproximadamente 400 paroquianos, imigrantes, autoridades governamentais e voluntários na Igreja do Sagrado Coração, em McAllen, no Texas, o Papa Francisco chamou pelo nome da freira durante a transmissão, exibida num telão de quase 3 metros, e pediu que ela desse um passo à frente.
“Eu te amo”, disse o papa, agradecendo-a pelo trabalho que vem fazendo de ministério junto aos imigrantes na fronteira dos EUA com o México.
“A assembleia toda simplesmente foi à loucura de tanta alegria e felicidade”, disse Pimentel. “Foi um momento muito especial”.
“Nós ainda estamos sem palavras; ainda estamos tomados de emoção”, disse Josh Ramirez, uma das autoridades públicas presentes no evento.
Pimentel e os paroquianos esperavam debater o assunto da imigração em uma videoconferência para o programa “20/20” da rede de televisão ABC, mas não tinham ideia de quem seria o convidado especial.
“Estas pessoas gritaram, se levantaram e aplaudiram” quando viram o papa, disse Ramirez. A organização do evento até contou com uma ambulância “no caso de alguém vir desmaiar”, o que é protocolar para grandes eventos, informou Ramirez.
Esta edição especial do programa envolveu três cidades: Los Angeles, Chicago e McAllen. Quando o moderador começou a falar, o Papa Francisco o interrompeu dizendo que queria dar um “oi” a alguém.
Foi quando pediu que a Irmã Pimentel viesse para a frente, segundo Ramirez.
Este breve momento de Pimentel com Francisco é apenas um dos vários encontros que haverá neste mês entre os dois. Isso porque a Irmã da Congregação das Missionárias de Jesus estava em seu local de trabalho quando, há algumas semanas, recebeu o primeiro telefonema: um convite para a missa papal em Washington, DC, no dia 23 de setembro.
Logo em seguida, veio um outro telefonema partindo da Casa Branca convidando-a para se encontrar com o Papa Francisco durante a visita com o presidente Barack Obama no mesmo dia.
Então, a Irmã Donna Markham, presidente da Catholic Charities USA, lhe deu um anel. Markham pediu a Pimentel que se junte a ela para uma saída com o papa e um padre. Pimentel não conseguiu lembrar o lugar que irão visitar, mas somente que o passeio será no dia 25 de setembro.
“É maravilhoso. É um sonho tornado realidade, porque é algo que eu sempre quis fazer”, disse Pimentel.
Apesar de não saber ao certo por que motivo ela foi escolhida, Pimentel pensa que os seus esforços em proporcionar um centro de refúgio para os imigrantes anteriormente detidos chamaram a atenção do papa.
A irmã fundou centro humanitário na Igreja do Sagrado Coração durante a onda imigratória de 2014. Duas tendas com ar-condicionado foram erguidas no pátio do estacionamento para fornecer alimentos e abrigo temporário aos imigrantes recém-libertados de centros de detenção ao longo da fronteira sul. O local foi concebido para aqueles que não tinham aonde ir enquanto esperavam pela partida de ônibus e aviões para fora de McAllen.
Uma tenda foi desfeita quando o número de imigrantes diminuiu, mas teve de ser novamente erguida em julho quando a quantidade de imigrantes aumentou. Pimentel estima que cerca de 100 pessoas visitam o centro diariamente; mais de 22 mil imigrantes já passaram pelo local, disse Mayra Garza, uma das voluntárias. Os números crescentes fizeram Pimentel perceber que o que ela precisava fazer era tornar permanente o centro para imigrantes, disse Mayra em entrevista no dia 3 de agosto.
“Ela já fez muito pelas pessoas que aqui vêm”, disse Ramirez. “Tem sido através de sua iniciativa que podemos fornecer toda a assistência de que necessitam”. O setor em que Ramirez atua apoia o Centro garantindo segurança e unidades médicas, bem como montando tendas doadas por organizações sem fins lucrativos.
“Ela é uma ‘super pessoa’, muito forte e corajosa”, disse Garza em espanhol. “Nem todo mundo tomaria esta decisão de ajudar os outros quando tantas pessoas se opõem à imigração”.
Voluntários que se apresentam para ajudar os imigrantes no centro humanitário. (Cortesia de of Catholic Charities of the Rio Grande)
Para os moradores da cidade de McAllen, a saudação do papa à Irmã Pimentel vem sendo fonte de orgulho. Ramirez e Garza disseram que não conseguiram dormir depois da videoconferência.
“Essa foi a coisa mais incrível que poderia acontecer”, disse Ramirez. “Ela está recebendo as bênçãos, e nós estamos as sentindo junto”.
“As pessoas dizem: ‘Estou tão feliz por você’. Posso ir com a senhora em sua mala? Pode me levar junto?”, comentou Pimentel.
Muito embora esta irmã vá ter três oportunidades para ver o Papa Francisco, ela não tem certeza de que conseguirá falar com ele. Ela espera dar-lhe um abraço e agradecê-lo “por ser uma inspiração maravilhosa para nós, pelo seu incentivo, pelas bênçãos dele”.
Mas, apesar de toda esta emoção e animação, Ramirez disse que Pimentel se recusou a ficar com todos os créditos.
“Após o evento, ela se virou e disse: ‘É graças a todos vocês que eu estava sendo reconhecida’”.
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Telefonema surpresa de Francisco para agradecer Irmã por ministério da imigração - Instituto Humanitas Unisinos - IHU