03 Setembro 2015
Quando desembarcar nos Estados Unidos no dia 22 de setembro, o Papa Francisco encontrará católicos distantes da doutrina da igreja quando no que se refere à organização familiar: dois terços consideram aceitável um casal de pessoas do mesmo sexo criar filhos e 84% não veem nenhum problema no fato de um homem e uma mulher constituírem famílias fora do casamento.
A reportagem é de Cláudia Trevisan, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 03-09-2015.
As conclusões são do Pew Research, um dos mais respeitados institutos de pesquisa do país, que traçou um perfil dos católicos americanos a partir de entrevistas realizadas em maio e junho. Apesar de apenas 20% da população dos EUA se declarar seguidora da religião, um total de 45% têm alguma forma de conexão com a igreja de Roma. “Os Estados Unidos são uma nação de pessoas cujos laços com o catolicismo são profundos e amplos”, diz o estudo.
A pesquisa mostra que os seguidores da igreja são mais abertos que os protestantes em relação à coabitação romântica entre pessoas do mesmo sexo: 70% consideram esse tipo de relacionamento aceitável, incluindo 46% que o classificam como tão bom quanto qualquer outro estilo de vida. Entre os protestantes, a aceitação é de 53%. O percentual cai para 41% entre os evangélicos brancos.
Mas os católicos estão divididos em relação ao reconhecimento de matrimônios gays pela igreja: 46% defendem a mudança e 46% se opõem a ela.
O papa chega aos EUA quase três meses depois de a Suprema Corte ter legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Um dos principais eventos da visita será o Encontro Mundial das Famílias, que o Vaticano promove desde 1994 e que ocorrerá pela primeira vez nos EUA.
O lema da edição 2015 é “Amor é a nossa missão: a família plenamente viva”. A ênfase na forma tradicional de organização familiar é distante da experiência de muitos americanos. Segundo o levantamento do Pew Research, 25% dos católicos do país passaram por um divórcio e quatro em cada dez viveram em algum momento de suas vidas com um parceiro fora do casamento.
A desconexão alimenta um forte desejo de que a igreja mude elementos de sua doutrina. Na opinião de 76% dos entrevistados, o veto ao uso de métodos contraceptivos deveria acabar. Divorciados devem ter permissão para casar de novo e receber comunhão, na avaliação de 62%. Percentual idêntico defende o fim do celibato para padres e a possibilidade de que eles se casem. Outros 59% são favoráveis à ordenação de mulheres.
Os EUA têm a quarta maior população católica do mundo, atrás de Brasil, México e Filipinas. Apesar de minoritária, a igreja é a que reúne o maior número de americanos, já que os protestantes e evangélicos estão atomizados em diferentes denominações.
Além dos 20% que se declaram católicos, o Pew Research identificou outros três grupos que possuem ligações com a igreja: os chamados “católicos culturais” (9%), os ex-católicos (9%) e os que possuem um familiar católico (8%). Os “católicos culturais” disseram que não professam a religião, mas se identificam com ela de alguma maneira e eventualmente vão à missa.
Nota da IHU On-Line:
Para ler o informe completo, em inglês, clique aqui.
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2/3 dos católicos americanos aprovam a criação de filhos por casais gays - Instituto Humanitas Unisinos - IHU