29 Julho 2015
Jerome "Jerry" Berrigan, o menos conhecido dos três irmãos ativistas Berrigan, morreu nesse domingo, 26, em sua casa em Syracuse, Nova York. Ele tinha 95 anos.
A reportagem é de Renee K. Gadoua, publicada no sítio National Catholic Reporter, 27-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Daniel Berrigan, padre jesuíta, e o falecido Philip Berrigan, na época padre josefino, tornaram-se proeminentes ativistas antiguerra durante a Guerra do Vietnã. Em maio de 1968, os dois e outros sete católicos usaram napalm caseiro para queimar arquivos de projetos em Catonsville, Maryland. Ambos foram condenados a três anos de prisão.
Jerry tinha a sua própria ficha policial. Ele havia preso pela última vez em 2011, depois de protestar contra os drones Reaper na base Hancock Field Air National Guard em Syracuse. Ele tinha 91 anos na época. Ele também participou de muitos protestos contra a guerra, a pena de morte, a falta de teto, pelos direitos civis e contra o programa de treinamento da base do Exército chamada Escola das Américas em Fort Benning, Geórgia.
"Eu levo a promessa da não violência a sério, como qualquer pessoa que contribui para transformar o mundo de um modo cristão", disse ele ao jornal Syracuse Catholic Sun em 2010. "A lição aprendida é a necessidade de tratar a todos com amor e de forma igual. Todos merecem isso em razão da sua humanidade, em razão de ser filho de Deus."
Berrigan serviu no Exército dos EUA por três anos durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, ele frequentou o College of the Holy Cross, em Worcester, Massachusetts, e estudou para se juntar aos josefinos. Ele abandonou o seminário e obteve o seu diploma universitário no Le Moyne College, em Syracuse.
Ele se aposentou em 2002, depois de 35 anos como professor de inglês e composição escrita no Onondaga Community College. Ele participava ativamente nas atividades do Catholic Worker da região de Syracuse, incluindo a pastoral carcerária e o Unity Acres, um abrigo para homens.
Jerry Berrigan deixa Carol, sua esposa durante 60 anos; seus quatro filhos; seus cinco netos; e seu irmão, Daniel Berrigan.
Uma missa fúnebre foi realizada ao meio-dia dessa quarta-feira na Igreja de St. Lucy, em Syracuse. Em vez de flores, os familiares e amigos pediram que as doações fossem feitas aos amigos da Dorothy Catholic Worker House de Syracuse.
Carla Berrigan, a mais nova dos seus quatro filhos, disse que ela se lembra de seus tios Dan e Phil visitando-a quando ela era jovem. "Eles se sentavam na sala de estar em um círculo e contavam histórias sobre o seu ativismo e a sua infância", disse. "As suas risadas sacudiam a casa."
Ele modelou "um sentido de justiça para todos no mundo", afirmou.
O bispo auxiliar aposentado Thomas Costello, que conheceu Berrigan nos anos 1950, chamou-o de profeta e pacificador. "Todas as vezes em que ele era preso, era uma declaração profética", disse Costello. "Ele desafiava a todos nós. Isso fazia parte do seu ministério."
O legado de Berrigan é simples, disse Costello: "Deus é paz. A paz é Deus. Os seus atos falam mais alto até do que as suas palavras".
Enquanto seus irmãos atraíram manchetes nacionais pelo seu ativismo, Jerry optou por lutar pela justiça longe dos holofotes, disse o seu antigo pároco, Pe. Jim Mathews, da Igreja de St. Lucy de Syracuse.
"Jerry era uma pessoa quieta fazendo as suas próprias coisas", disse Mathews. "Do seu jeito quieto, ele desafiava os poderes constituídos, quer fizessem a guerra ou cometessem injustiças."
A prefeita de Syracuse, Stephanie Miner, ordenou na segunda-feira que a bandeira da prefeitura fosse hasteada a meio mastro em reconhecimento ao impacto de Berrigan na sua comunidade.
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Ativista estadunidense Jerry Berrigan, jesuíta, morre aos 95 anos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU