27 Julho 2015
Da cidade do Vaticano a Nova Iorque: nasce a Aliança Urbana dos prefeitos para o desenvolvimento sustentável. O batismo oficial será na sede das Nações Unidas no próximo dia 24 de setembro, um dia antes da visita do Papa Francisco ao Palácio de Vidro.
A reportagem é de Silvina Pérez, publicada no jornal L'Osservatore Romano, 23-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Esse é o principal resultado das duas jornadas realizadas de 22 a 23 julho, por iniciativa da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, para identificar respostas eficazes à degradação ambiental e aos fenômenos de exploração de seres humanos a ela conectados.
Depois do encontro da última terça-feira à tarde, na Aula do Sínodo com o pontífice, os mais de 60 prefeitos de todo o mundo se reuniram na quarta-feira à tarde na Casina Pio IV, sede da Pontifícia Academia organizadora, para um segundo compromisso, mais restrito, no qual concluíram os trabalhos fixando alguns pontos-chave.
A partir do aprofundamento do tema dos trabalhos – "Cidades sustentáveis: fortalecer os povos, facilitar a prosperidade e proteger o planeta" –, surgiu uma declaração conjunta, na qual os signatários se comprometem "a trabalhar pelo sucesso dos objetivos de desenvolvimento nas cidades e nas respectivas áreas de responsabilidade e a cooperar com outros no mundo para ajudar todas as cidades a respeitarem os novos objetivos com sucesso".
Para esse fim, decidiram começar imediatamente "a trabalhar juntos" e a se coalizarem "entre cidades em uma Aliança Urbana para os objetivos do desenvolvimento sustentável", que "será aberta, voluntária e participativa".
Na prática, trata-se de formular um "plano comum" para chegar a um "consenso global" sobre os objetivos de desenvolvimento, em primeiro lugar, o fim da pobreza extrema e da fome.
Nos discursos do dia, alguns primeiros cidadãos enfatizaram justamente a necessidade de uma ação coordenada. Depois de uma introdução feita pelo economista estadunidense Jeffrey Sachs, tomaram a palavra os prefeitos de Seul (Coreia do Sul), Bogotá (Colômbia), Gaborone (Botswana), Estocolmo (Suécia), Joanesburgo (África do Sul), San Francisco e Nova Orleans (Estados Unidos) e Porto Alegre (Brasil).
Todos descreveram uma situação socioambiental preocupante. De acordo com Park Won-soon, administrador da capital coreana, em 2014, quase 20 milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas por causa de desastres naturais. Terremotos e erupções vulcânicas causaram o deslocamento forçado de 1,7 milhão de pessoas. A grande maioria dos êxodos foi causada por catástrofes meteorológicas, principalmente furacões e inundações.
As declarações foram ecoadas por Kagiso Thutlwe, prefeito de Gaborone: para uma pessoa, a probabilidade de ser forçada a se deslocar é de 60% mais elevada do que em 1970, e as mudanças climáticas irão causar eventos cada vez mais extremos. São realidades que não poupam as regiões mais desenvolvidas: no Japão, o tufão Halong, em agosto de 2014, obrigou mais de meio milhão de pessoas a abandonarem as próprias casas.
"O Papa Francisco apelou aos prefeitos para que assumam a liderança na superação das crescentes crises de exclusão social, marginalização, degradação climática", afirma a declaração. Consequentemente – continua – "nós, prefeitos e outros participantes do simpósio, ouvimos esse apelo. Reconhecemos as terríveis ameaças para as gerações futuras. Devemos agir agora", é o imperativo conclusivo.
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Do Vaticano à ONU, uma Aliança Urbana para o desenvolvimento sustentável - Instituto Humanitas Unisinos - IHU