20 Julho 2015
O governador da Califórnia Jerry Brown, o prefeito de Boston Martin J. Walsh e mais de quatro dezenas de prefeitos e autoridades locais se juntarão ao Papa Francisco aqui [em Roma] no final de julho para participar de workshops sobre a escravidão moderna e as mudanças climáticas.
A reportagem é de Inés San Martín, publicada pelo sítio Crux, 15-07-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
As sessões serão organizadas em conjunto pela Pontifícia Academia das Ciências e a Organização das Nações Unidas.
Representantes de Boston, Nova Orleans, San Francisco, San Jose, Birmingham, Minneapolis e Seattle, assim como representantes de Paris, Estocolmo, Vancouver, Cidade do México e Rio de Janeiro, participarão no evento nos dias 21 e 22 de julho. (Veja a lista dos participantes, inclusive brasileiros, clicando aqui).
Esta é a mais recente cooperação em causas humanitárias entre o Vaticano e a ONU, apesar das diferenças a respeito de questões como o controle populacional, e mais uma vez as autoridades vaticanas se sentiram obrigadas a defender a parceria.
“As Nações Unidas não são o diabo”, disse o bispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo, chefe da Pontifícia Academia das Ciências, numa coletiva de imprensa no Vaticano quarta-feira (15).
“O Papa Paulo VI considerou a ONU a forma moderna da civilização, e prometeu total cooperação com aquelas coisas que não vão contra os ensinamentos morais da Igreja”, disse ele.
Na verdade, o Vaticano foi um dos proponentes da criação da ONU em 1945 e vem sendo um observador permanente desde 1964. Todos os papas, desde Paulo VI em 1965, exceto João Paulo I, que reinou por apenas um mês, discursaram à Assembleia Geral da ONU.
Tanto o workshop intitulado “Escravidão Moderna e Mudanças Climáticas: O Compromisso das Cidades” quanto e o simpósio intitulado “Prosperidade, Pessoas e Planeta: Alcançar o Desenvolvimento Sustentável nas nossas Cidades” serão organizados pela Pontifícia Academia de Ciências e Ciências Sociais, departamento liderado por Sánchez.
Os encontros aproximarão prefeitos e autoridades de todo o mundo para discutir como as cidades podem contribuir para a solução da escravidão moderna – tráfico de seres humanos, trabalho infantil, prostituição forçada e trabalho ilegal – e das alterações climáticas.
Sánchez disse que a crise climática e a escravidão moderna são “emergências interligadas”, e afirmou que, muito embora “os pobres e os excluídos causem o menor efeito sobre as mudanças climáticas (...) eles são os mais expostos à terrível ameaça representada pela perturbação climática produzida pela atividade humana”.
Estes workshops são um resultado direto da iniciativa do Vaticano que busca aproximar chefes de polícia e bispos para ajudar no combate ao tráfico humano, disse ele.
Durante estes encontros, segundo Sánchez, as autoridades policiais costumam dizer que, mesmo que o compromisso dos bispos seja importante, pouco poderia ser feito sem a participação dos governadores e prefeitos.
“Queremos que os prefeitos se comprometam em promover o empoderamento dos pobres e dos que vivem em condições vulneráveis em nossas cidades e arredores”, disse Sánchez, argumentando que as instabilidades ambientais, econômicas e sociais criam “um terreno fértil para a migração forçada e o tráfico de seres humanos”.
O compromisso do Papa Francisco na luta contra as mudanças climáticas causadas pelo homem ficou claro desde o início de seu pontificado. A sua encíclica recém-publicada, Laudato Si’, foi lançada em parte para influenciar duas cúpulas iminentes da ONU sobre o assunto: uma em Nova York, e outra em Paris.
O consultor Michael Shank, que está ajudando as Academias de Ciências a organizar os encontros da próxima semana, disse esperar que o Vaticano peça aos Estados membros das Nações Unidas que incluam a luta contra a escravidão moderna em seus objetivos de desenvolvimento sustentável, conjunto de metas que os países deveriam lançar mão na definição das políticas para os próximos 15 anos.
Essas metas devem ser adotadas por mais de 193 chefes de Estado em setembro durante uma sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que será aberta com uma alocução do Papa Francisco.
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Políticos irão se juntar ao Papa Francisco em evento sobre mudanças climáticas e escravidão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU