15 Julho 2015
A pecuária ocupa mais de 60% das áreas desmatadas na Amazônia.
A presidente Dilma Rousseff e a ministra da agricultura, Kátia Abreu, visitaram hoje o pavilhão brasileiro da Expo 2015. A Feira Universal, que este ano acontece em Milão, de 1 de maio a 31 de outubro, tem como tema central a comida: “Nutrir o Planeta, Energia para Vida”.
A reportagem foi publicada por Greenpeace Brasil, 12-07-2015.
Dilma e Katia estão em missão internacional para vender o Brasil como grande produtor de commodities, com planos ambiciosos para aumentar a exportação de diversos produtos, especialmente grãos e carnes. O lado obscuro desta produção, que deve ficar de fora da ação propagandista do governo, é uma taxa significativa de desmatamento. Nos últimos anos cerca de meio milhão de hectares de floresta amazônica foram destruídos. Devido ao desmatamento, o Brasil está entre os seis países que mais emitem gases de efeito estufa e, na Amazônia, o principal vetor de destruição das florestas é justamente a pecuária, que ocupa mais de 60% das áreas desmatadas no bioma.
Apesar do cenário de destruição contínua da floresta, acabar com o desmatamento para enfrentar as mudanças climáticas, proteger os povos indígenas e a natureza não parece estar na agenda política do Estado brasileiro. Em declaração recente, a presidenta disse que seu governo pretende manter as políticas de combate ao desmatamento ilegal, o que, na prática, significa dizer que a presidente vai “tentar” cumprir a lei, e nada além disso.
“A ambição do Brasil de produzir a qualquer custo é uma das principais razões para o desmatamento de um campo de futebol por minuto de floresta amazônica a cada dia”, diz Adriana Charoux, da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil. “Quando a presidente e a ministra da agricultura elogiam as possibilidades brasileiras de ampliar sua exportação, tendem a esconder a verdade inconveniente do desmatamento. Se querem fazer um favor para o Brasil e para o mundo, deveriam divulgar em seu ‘tour internacional’ o que vão fazer para tirar definitivamente o desmatamento do nosso prato. Afinal, desmatamento não tem nada a ver com o desenvolvimento do país”, continua Charoux.
Há diversas evidências de que o Brasil pode continuar a expandir sua produção de alimentos sem os atuais índices de degradação florestal e desmatamento. Vários especialistas afirmaram que, para tal, o Brasil deveria usar melhor suas enormes áreas já desmatadas. Estudos apontam que é possível liberar 69 milhões de hectares para a agricultura, dobrando a potencial produtivo do Brasil sem derrubar mais um palmo de floresta.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Katia Abreu, não parece convencida de que também é sua responsabilidade cortar a ligação perversa entre a produção e o desmatamento. O anúncio recente da abertura do mercado dos EUA para a carne bovina in natura brasileira, com meta de exportação de 100 mil toneladas por ano, foi bastante celebrado. Entretanto, em nenhum momento Kátia explicou para os americanos ou para os brasileiros como se daria este aumento da produção, sem promover mais destruição da floresta.
Se o Brasil assumisse de vez o Desmatamento Zero real, o país poderia reduzir em mais de 30% as suas emissões de gases de efeito estufa, protegendo as fontes de água doce e a biodiversidade ameaçada.
“O que precisamos é de uma verdadeira meta de desmatamento zero, já apoiado por mais de 1,2 milhões de cidadãos brasileiros e por iniciativas privadas como a Moratória da Soja e do Compromisso Público da Pecuária”, conclui Charoux.
A preservação das florestas, esta sim, é essencial para o futuro do Brasil. O desmatamento tem efeitos extremamente negativos no clima, alterando dinâmicas essenciais, como a formação de chuvas. Sem floresta não tem água e, sem água, não tem produção agropecuária.
Junte-se ao movimento que quer o fim da destruição das florestas brasileiras, assine pelo Desmatamento Zero!
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Dilma e Kátia: desmatamento não dá para engolir! - Instituto Humanitas Unisinos - IHU