25 Junho 2015
Uma nova metodologia nos trabalhos, a questão da "racionalização dos procedimentos nos casos de nulidade matrimonial", "a integração" dos divorciados em segunda união "na comunidade cristã", "o acompanhamento das famílias em que vivem pessoas com tendência homossexual e dessas mesmas pessoas". Essas são as principais questões abordadas durante a coletiva de imprensa de apresentação do Instrumentum laboris para o próximo Sínodo ordinário sobre a família, divulgado nessa terça-feira.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada no jornal Avvenire, 24-06-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A documento de trabalho relata inteiramente a Relatio synodi (o texto conclusivo do Sínodo anterior, extraordinário, realizado em 2014) que foi integrado com a síntese das respostas ao questionário, proposto posteriormente pela Secretaria sinodal a todas as comunidades eclesiais católicas do mundo.
O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, depois de explicar que o Instrumentum é "um documento que reflete de modo confiável a percepção e as expectativas da Igreja inteira sobre o tema crucial da família", antecipou algumas inovações na metodologia dos trabalhos.
O objetivo é o de "evitar a longa série de intervenções dos membros individuais como acontecia nos Sínodos anteriores", "valorizar cada vez mais os Circuli minores" e "manter firme o princípio da ordem temática". Assim, as três semanas de duração do Sínodo serão distribuídas de acordo com as três partes do Instrumentum laboris.
E, no fim, será elaborado um texto final do documento a ser submetido ao papa. Na prática, portanto, desaparecerão os momentos das duas Relatio ante e post disceptationem, e também a Mensagem do Sínodo.
No seu discurso, o cardeal Péter Erdö, arcebispo de Esztergorm-Budapeste e relator geral do Sínodo, aprofundou a parte do Instrumentum em que se fala da racionalização dos procedimentos nos casos de nulidade matrimonial. A esse respeito, ele relatou que "parece surgir uma grande convergência sobre a superação da chamada dupla sentença conforme, feita sem prejuízo da possibilidade de apelo por parte do defensor do vínculo ou de uma das partes".
Sinalizando que a Santa Sé já havia permitido esse procedimento nos Estados Unidos depois do Concílio, para depois retirá-lo, o purpurado húngaro observou que essa "experiência pastoral mostrou as vantagens e os riscos de tal mudança". Em particular, o risco sobre "a superficialidade do tribunal de primeira instância", que, porém, "poderia ser reduzido com a devida supervisão sobre o trabalho dos tribunais, com a acentuação e a seriedade do papel do defensor do vínculo, assim como através da eventual obrigação do defensor do vínculo de apelar em certos tipos de casos, mesmo que, pessoalmente, ele não tivesse objeções especiais".
O cardeal Erdö, em seguida, explicou que a proposta de "procedimentos administrativos para a declaração da nulidade do matrimônio sob a responsabilidade do bispo provocaram muitas objeções e reservas". Enquanto "um maior acordo se manifestou sobre a possibilidade de um processo canônico sumário nos casos de nulidade patente do matrimônio", mesmo que a aplicação de tal processo "certamente exigiria mais esclarecimentos".
Finalmente, quanto à "importância da fé pessoal dos nubentes para a validade do consentimento matrimonial", o cardeal registrou "uma grande variedade de abordagens", observando também que "a separação do matrimônio válido entre cristãos do sacramento do matrimônio representaria grandes dificuldades teóricas".
Respondendo às perguntas dos jornalistas, Erdö pontualizou, depois, que "atenção pastoral e reconhecimento do casamento gay são duas coisas diferentes, e isso também fica claro no documento final da última assembleia sinodal, onde, a esse respeito, há um trecho que cita os documentos anteriores da Igreja Católica". "Portanto, também nesse contexto do Instrumentum laboris, entende-se isso com a expressão 'atenção pastoral'."
Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto e secretário especial do Sínodo, também se debruçou sobre esse tema no seu discurso e respondendo aos jornalistas. O prelado reiterou: "Certamente é um ponto firme, que faz parte da doutrina da Igreja: por matrimônio, entendemos aquele entre um homem e uma mulher, aberto à procriação". "Mas isso – acrescentou – não significa que eu não possa respeitar e acolher uma pessoa homossexual. Significa que são duas coisas distintas."
Assim, por um lado, há "uma realidade que é a família" e, por outro, "um desafio pastoral, que também é um valor", isto é, "fazer com que ninguém se sinta rejeitado, julgado, marginalizado, mas possivelmente acompanhado e integrado na vida da comunidade".
A intenção do Instrumentum laboris, explicou Forte, "não é, no entanto, responder aos desafios de maneira moralista ou polêmica, mas sim propor positivamente a beleza e a importância da família à luz da revelação".
E o arcebispo de Chieti insistiu "na importância de linhas pastorais comuns, que visem à integração dos divorciados recasados civilmente na comunidade cristã". Para implementar essas metas, acrescentou, "muitos propõem a definição de uma via penitencial específica". Outros pedem "também que se valorize a distinção e a relação entre comunhão espiritual e comunhão sacramental daqueles que estão em situações irregulares ou difíceis".
Por outro lado, "a peculiaridade da tradição ortodoxa e do exercício nela praticado de condescendência misericordiosa para com algumas situações difíceis é posta de lado, com respeito, na sua diversidade da teologia e da práxis católica".
O ponto no entanto, declarou Forte, não é, como se disse muitas vezes, simplificando, "comunhão sim, comunhão não" aos divorciados em segunda união. "A integração – acrescentou – é a meta a ser buscada. Haverá uma situação em que essa integração poderá chegar à concessão da Eucaristia? A isso, o Sínodo terá que responder, mas não há um 'não' preliminar. Veremos o que a discussão vai dizer e quais serão as decisões do papa."
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Sínodo: ''Ninguém mais deverá se sentir rejeitado, julgado ou excluído'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU