16 Mai 2015
No marco de um encontro internacional da Pfarrer-Initiative e de grupos de reforma romano-católicos, Helmut Schüller pediu uma distribuição de poder "que se estenda dos homens celibatários até as mulheres".
A reportagem é do sítio Religion.orf.at, 20-04-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Pela segunda vez, reuniram-se a Pfarrer-Initiative e grupos de reforma romano-católicos. O foco do encontro de quatro dias em Limerick, na Irlanda, foram principalmente os problemas relacionados com uma estrutura da Igreja mais descentralizada e mais participativa, o fortalecimento da Igreja local e a equiparação das mulheres na Igreja.
Estiveram presentes no encontro mais de 30 padres romano-católicos, católicos dos Estados Unidos, da Índia, da Austrália, da Grã-Bretanha, da Irlanda, da Itália e da Eslováquia. Também participaram as Pfarrer-Initiativen da Áustria e da Suíça, que depois se puseram em rede em 2013, a Pfarrer-Initiative alemã e representantes internacionais do Nós somos Igreja.
Em uma circular, afirma-se que os reformadores estão de acordo sobre estas afirmações: "Pelo futuro da nossa Igreja, precisamos comunidade vivas. Comunidades que convidam a todos, sem exceções. Isso só pode acontecer se distribuirmos de modo novo as competências para a liderança das comunidades: do Vaticano às comunidades paroquiais, dos homens celibatários às mulheres. Como, senão, poderia se realizar a visão do Papa Francisco de uma Igreja como verdadeira companheira de viagem, próxima das pessoas?". Assim Helmut Schüller, da Pfarrer-Initiative austríaca, resumiu a inquietação dos reformadores internacionais.
Houve unanimidade também sobre o fato de que, por uma Igreja unida às pessoas no respeito e na igualdade, cabe a todos os membros da hierarquia eclesial um dever de prestar contas e de reconhecer os direitos fundamentais que fazem com que todos os membros da Igreja possam ter uma autêntica participação na vida eclesial.
Em relação ao Sínodo sobre a família do fim do ano, os grupos de reforma pediram uma participação séria de pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), divorciados recasados, famílias monoparentais e outras pessoas marginalizadas pela Igreja Católica Romana.
Os participantes do congresso também falaram extensivamente da discriminação contra as mulheres na sua Igreja. No marco de uma "discussão aberta e honesta ficou muito evidente em todos os participantes uma grande dor pela exclusão das mulheres das funções de liderança e do presbiterado".
"Criam-se grandes separações que influenciam a vida da nossa Igreja", declarou Deborah Rose-Milavec, da organização estadunidense Future Church. Apesar do desejo comum, na circular, afirma-se que, por medo de represálias por parte dos seus bispos, renunciou-se à celebração de uma eucaristia presidida por mulheres e homens.
Tal celebração expressaria plenamente a fundamental igual dignidade de homens e mulheres na distribuição comum das tarefas de celebração e presidência. Essa "dolorosa renúncia" evidenciou aos presentes a urgência de que, aos fiéis, seja possível o acesso a todos os ministérios – independentemente do sexo.
Na pauta, também havia temas sociais e econômicos. Os participantes se comprometeram a continuar a reflexão de assuntos individuais em diversos grupos de trabalho.
O congresso internacional na Irlanda, o segundo desse tipo, se reconecta ao encontro para a realização da rede dos reformadores de outubro de 2013, em Bregenz, que ocorreu a convite da Pfarrer-Initiative da Áustria e da Suíça. Na época, participaram padres e membros das Igrejas de seis países. Entre a Association of Catholic Priests irlandesa e a Pfarrer-Initiative austríaca, há cinco anos, já há um intercâmbio intenso.
O congresso terminou com um convite aos bispos a defenderem corajosa e publicamente a visão do papa de uma Igreja renovada. Tony Flannery, da Association of Catholic Priests irlandesa, anfitrião do encontro, afirmou: "A eleição do Papa Francisco, por muito tempo, é a nossa melhor oportunidade para a renovação da Igreja".
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Schüller: atribuição de competências não só a homens celibatários - Instituto Humanitas Unisinos - IHU