Por: André | 07 Mai 2015
Entre os eventos do Ano Santo da Misericórdia promulgado pelo Papa Francisco (de 08 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016) haverá também um Jubileu dos Presos. A hipótese que se está estudando é que alguns prisioneiros participem da cerimônia prevista para acontecer na Basílica Vaticana no dia 06 de novembro de 2016. O arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, apresentou o primeiro calendário de eventos, ilustrou algumas questões logísticas e explicou o significado do evento. Revelou, além disso, que o Papa Francisco lhe havia comunicado a ideia do Jubileu (o anúncio foi feito de surpresa por Jorge Mario Bergoglio em 13 de março passado) durante uma audiência em 29 de agosto do ano passado: “O segredo pontifício ainda funciona”, indicou o religioso.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada pelo Vatican Insider, 05-05-2015. A tradução é de André Langer.
“E é preciso recordar imediatamente, para evitar equívocos, que o Jubileu da Misericórdia não é e não quer ser o grande Jubileu do Ano 2000”, destacou Fisichella. O Papa, recordou, “deseja que este Jubileu seja vivido em Roma e nas Igrejas locais”, e “é fácil apreciar na bula” diferentes características que o convertem em algo singular, desde o “chamado à misericórdia” até a natureza extraordinária do Ano Santo, que não segue o ritmo tradicional dos jubileus ordinários (a cada 25 ou 50 anos), o mesmo que os dois jubileus do passado, em 1933 e em 1983 respeitaram, seguindo “o aniversário da redenção realizada por Jesus Cristo”.
O “calendário oficial dos eventos que acontecerão em Roma” inclui, além das cerimônias de abertura e encerramento, com simultânea abertura e encerramento da Porta Santa de São Pedro, os encontros para a abertura das Portas Santas das outras três basílicas papais (no dia 13 de dezembro de 2015 a de São João de Latrão, em 1º de janeiro de 2016, Jornada Mundial da Paz, a de Santa Maria Maior, e no dia 25, festa da conversão de São Paulo, a de São Paulo Extramuros), o encerramento final das mesmas Portas Santas (no dia 13 de novembro de 2016), o envio dos “missionários da Misericórdia” no dia 10 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas (“Deverão ser padres pacientes, capazes de compreender os limites dos homens e prontos para expressar o afeto do Bom Pastor em sua pregação e na confissão”), uma celebração penitencial na Praça São Pedro, que se chamará “24 horas para o Senhor” e será na sexta-feira 04 e sábado 05 de março, e uma série de jubileus por categorias de pessoas: agentes de saúde (de 19 a 21 de janeiro), religiosos (dia 02 de fevereiro, dia do encerramento do Ano da Vida Consagrada), cúria romana (no dia 22 de fevereiro; “não pensamos minimamente na reforma da cúria romana”, respondeu Fisichella aos jornalistas, “mas também a cúria necessita reformar-se, assim como toda a Igreja”), “os que se somarem à espiritualidade da Divina Misericórdia (no dia 03 de abril), adolescentes entre 13 e 16 anos (no dia 24 de abril e diferente do “Jubileu dos Jovens”, que será a JMJ de Cracóvia de 26 a 31 de julho), diáconos (no dia 29 de maio), padres (03 de junho), “agentes e voluntários da misericórdia” (04 de setembro), catequistas (25 de setembro), o Jubileu Mariano (entre 08 e 09 de outubro) e, finalmente, no dia 06 de novembro de 2016, o “Jubileu dos presos na Praça São Pedro”: “Isto não acontecerá apenas nas prisões, mas estamos estudando a possibilidade de alguns prisioneiros terem a oportunidade de celebrar com o Papa Francisco na Praça São Pedro seu próprio Ano Santo”, explicou Fisichella, que precisou que este “desejo” do Papa ainda está sendo estudado. Durante todo o Ano, disse o religioso ao responder aos jornalistas, haverá catequese no Santuário do Santo Espírito, perto do Vaticano, sobre a encíclica de João Paulo II Dives in Misericordia (de 1980).
Na próxima semana, disse Fisichella, acontecerá o primeiro encontro bilateral oficial com as autoridades italianas. Estarão presente, além do próprio Fisichella e do subsecretário do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, dom Graham Bell, o assessor da Secretaria de Estado, dom Peter Brian Wells, e, representando a Itália, o subsecretário da presidência do Conselho de Ministros, Claudio De Vincenti, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, e, representando a Região do Lazio, o vice-presidente da junta. Entre os temas que serão discutidos estará “a questão da segurança”, respondeu o próprio Fisichella. “Roma está acostumada com eventos deste tipo, e estará à altura do seu trabalho: os romanos serão acolhedores, serão pacientes e terão entusiasmo. A cidade conseguirá dar o melhor de si”.
Em relação a “todos os peregrinos que chegarem a Roma individualmente e sem uma organização”, Fisichella indicou que serão identificadas algumas Igrejas do centro histórico nas quais poderão encontrar acolhida, “para consentir que o evento seja vivido de maneira religiosa, com segurança e protegidos dos abusos que cada dia parecem afetar milhares de pessoas que chegam aos lugares santos do cristianismo”.
Dom Fisichella não quis falar sobre os números relacionados com as previsões de chegada de peregrinos e destacou, por um lado, o caráter extraordinário deste jubileu que deverá acontecer também nas Igrejas locais e, por outro, a popularidade do Papa Francisco. “Os jornais indicam algo como 25 milhões de pessoas durante o ano, mas é oportuno ser prudente”, precisou o vice-diretor da Sala de Imprensa vaticana, o Pe. Ciro Benedettini.
O Papa, revelou Fisichella, falou-lhe pela primeira vez do Ano Santo durante a audiência privada de 29 de agosto do ano passado. Disse-lhe: “‘Como gostaria de um Jubileu da Misericórdia!’” Foi, explicou o religioso, um “movimento do espírito”, e ninguém falou da notícia antes que o Papa fizesse o anúncio oficial, porque “o segredo pontifício ainda funciona”. Quanto ao sínodo ordinário, que acontecerá em outubro, pouco antes do começo do Jubileu, Fisichella explicou que “se a misericórdia não passa pela doutrina, então não é a doutrina da Igreja”.
Além dos eventos em Roma, também estão sendo organizados cinco “sinais jubilares”, que “o Papa Francisco realizará de maneira simbólica dirigindo-se a algumas ‘periferias’ existenciais para dar pessoalmente testemunho de proximidade e de atenção pelos pobres, pelos que sofrem, pelos marginalizados e por todos aqueles que necessitam de um sinal de ternura”. Aos que, durante a entrevista coletiva de hoje, lhe fizeram notar a ausência da obra para “admoestar os pecadores” na bula jubilar, Fisichella explicou que se optou por uma “linguagem renovada”.
Fisichella também apresentou a logomarca do Jubileu da Misericórdia, que foi concebida pelo jesuíta Marko Ivan Rupnik (o Bom Pastor que leva sobre os ombros um homem perdido), e uma série de iniciativas na internet (o sítio oficial, a presença nas redes sociais, a ideia de uma “app” para telefones inteligentes). A revista semanal dos Paulinos “Credere” será a revista oficial do Jubileu e a Aliança Bíblica Internacional distribuirá um milhão de cópias do Evangelho de Marcos. “Todas as conferências episcopais estão envolvidas; agradecemos à CEI [Conferência Episcopal da Itália] por seu apoio”, disse Fisichella, que anunciou, além disso, a publicação, em breve, de uma circular dirigida a todos os bispos do mundo sobre o Jubileu.
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Entre os eventos do Ano Santo, um Jubileu dos presos em São Pedro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU