''É anticatólico delegar a doutrina às Conferências Episcopais'', afirma cardeal Müller

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30 Março 2015

Delegar decisões doutrinais ou disciplinares em matéria de família ou matrimônio às Conferências Episcopais nacionais "é uma ideia absolutamente anticatólica, que não respeita a catolicidade da Igreja", segundo o cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada no sítio Vatican Insider, 27-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em uma entrevista com a revista francesa Famille Chrétienne, o purpurado alemão afirma que "as Conferências Episcopais têm uma autoridade sobre alguns temas, mas não constituem um magistério ao lado do Magistério, sem o papa e sem a comunhão com todos os bispos".

Em resposta a uma afirmação do cardeal presidente da Conferência Episcopal Alemã, Reinhard Marx, que havia afirmado que o seu episcopado não é "uma filial de Roma", Müller afirma que "esse tipo de atitude corre o risco de despertar uma certa polarização entre as Igrejas locais e a Igreja universal, superada com os Concílios Vaticano I e Vaticano II".

O risco, para Müller, é "aplicar à Igreja categorias políticas, em vez de utilizar a verdadeiro eclesiologia católica". A Cúria Romana "não é o governo de Bruxelas", "não somos um quase-governo, nem um supergoverno acima das Igrejas locais, do qual os bispos seriam os delegados".

Em uma entrevista diferente que apareceu nos últimos dias no sítio alemão RP-Online.de, Müller afirma ainda: "No Vaticano, não há nenhuma oposição ao papa. A lealdade para com o sucessor de Pedro é pressuposto para o exercício do encargo, como eu tenho. Fazemos o nosso melhor para apoiar o papa no âmbito da doutrina da fé".

"Francisco gostaria que as pessoas que estão em situações difíceis não sejam deixadas sozinhas, mas acompanhadas e inseridas na comunidade, mas sem fazer cortes na doutrina da Igreja", afirma Müller sobre o tema sinodal da comunhão aos divorciados em segunda união.

Quanto ao celibato obrigatório para os sacerdotes, ele "se baseia em uma longa tradição. Há uma proximidade particular entre o presbiterado e essa forma de vida. Jesus também viveu como célibe. Não conheço nenhum motivo de fundo pelo qual a Igreja deveria abandonar essa tradição".