26 Março 2015
Sete meses após sua morte, foi divulgado um vídeo com o pedido de um padre jesuíta à ordenação de mulheres ao sacerdócio.
Padre William Brennan morreu no dia 11 de Agosto de 2014, aos 94 anos. Antes, pediu à amiga Alice Iaquinta (ordenada no movimento católico-romano Womenprists, que defende a ordenação feminina) que gravasse com ele um vídeo afirmando a sua convicção de que as mulheres sejam chamadas ao sacerdócio. Ele pediu que aguardasse para divulgar a mensagem somente depois que tivesse recebido um enterro católico adequado.
A reportagem é de Soli Salgado, publicada por National Catholic Reporter, 23-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Filmado em seu leito hospitalar, o vídeo, divulgado por uma emissora de TV local de Milwaukee em 7 de março, revela Brennan lutando para conciliar “a ordenação de mulheres (...) e o dever de obediência à autoridade de minha Igreja”, disse.
“Gostaria de deixar a impressão de que não sou da ‘escola da separação’”, declarou no vídeo. “Gostaria de ser lembrado como alguém que, basicamente, lutou pela igualdade das mulheres em funções administrativas e espirituais da Santa Igreja Católica”.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, somente homens podem ser ordenados ao sacerdócio, e tentar ordenar mulheres resulta em excomunhão imediata.
Quando, em 2013, Brennan participou de uma liturgia com Janice Sevre-Duszynska, ordenada via Association of Roman Catholic Women Priests, a Arquidiocese de Milwaukee e os seus superiores jesuítas penalizam-no. Proibiram Brennan de praticar as suas exercer o ministério sacerdotal, participar de celebrações públicas, falar à imprensa, deixar Milwaukee sem a permissão dos superiores e se apresentar como padre jesuíta. Até a divulgação do vídeo, Brennan cumpriu estes desejos.
“Ele sempre foi extremamente atencioso na forma como se expressava”, disse Iaquinta ao National Catholic Reporter. (Iaquinta é quem gravou a sua mensagem.) “Ele sempre buscou honrar o seu voto de obediência e prefaciava tudo o que dizia com um reconhecimento de que ele havia feito um voto de obediência aos jesuítas; dizia que não estava sendo desobediente, e sim que estava sendo obediente à sua consciência”.
No vídeo, Brennan creditou à sua mãe a simpatia que possuía pelos direitos das mulheres. Disse que quando os seus irmãos jesuítas debateram sobre a ordenação delas, ele percebeu que “não compartilhada da hostilidade deles”, lembrando a sua “consciência de quando era criança”, numa ocasião em que sua mãe certa vez não pôde votar.
“Quero deixar claro que considero este assunto como um desafio pacífico pelo compromisso e reconhecimento dos papéis femininos na Igreja”, disse. “Acho que é um chamado do Espírito”.
Iaquinta disse que o padre lutou bravamente por justiça e pelos imigrantes durante toda a sua vida: “Mas foi a questão das mulheres que, no final, realmente o perturbava”.
“Ele estava completamente consciente – a sua mente estava bem afiada [naquele dia]”, disse Iaquinta. “O Pe. Brennan não estava angustiado, irritado, com medo ou nervoso, mas disse que se sentia bastante culpado. Nesse dia, ele me disse que se sentia um covarde, que achava que não havia mantido sua palavra quando deveria. Em boa consciência, ele não poderia deixar este mundo sem fazer este manifesto. No fim, não foi uma grande exibição”.
Nota da IHU On-Line: Veja o vídeo, em inglês, clicando aqui.
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Em leito de morte, jesuíta fez pedido pela ordenação das mulheres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU