19 Março 2015
Enquanto o líder da direita israelense Benjamin Netanyahu comemora a sua mais recente vitória nas eleições deste ano, alguns analistas se perguntam sobre quais as esperanças que restam para as negociações de paz com os palestinos. Momentos antes da eleição, o líder do partido Likud [B. Netanyahu] descartou a criação de um Estado palestino naquilo que considerou como um contexto de aumento do extremismo e instabilidade no Oriente Médio.
A reportagem é publicada por Rádio Vaticano, em inglês, 18-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O padre jesuíta David Neuhaus trabalha junto a uma pequena comunidade católica falante do idioma hebraico em Israel. Ele não ficou surpreso com a vitória de Netanyahu. Falou que esta vitória eleitoral pode também dar um novo impulso para a comunidade internacional aumentar a pressão contra o governo israelense e apresentar uma visão alternativa para uma paz duradoura na região.
O Pe. Neuhaus acha que muitas pessoas escolheram Netanyahu porque elas sentiam que não havia uma real oposição. O principal rival de Benjamin, diz o religioso, “não foi alguém politicamente astuto”, pois passou a maior parte de sua campanha atacando o seu oponente Netanyahu e sua esposa em vez de se focar numa visão de futuro para a sociedade israelense.
Interrogado sobre as perspectivas sombrias no tocante à paz com os palestinos, Neuhaus afirmou que, no momento, há uma grande retórica eleitoral e que Netanyahu não é alguém famoso por sua “coerência ou consistência”.
O sacerdote acredita que, com o líder do Likud encabeçando um governo de direta, a comunidade internacional deve se pôr a pressionar Israel e apoiar a oposição a ele na busca por justiça e transformação pacífica na região. O pior cenário, disse, seria um governo de unidade nacional que não teria nenhuma oposição válida dentro do país.
Neuhaus observa que Israel é muito dependente economicamente da comunidade internacional, a qual deve aumentar todas as formas de pressão e se manifestar “contra uma tal situação que é, cada vez mais, flagrantemente injusta com um povo que tem esperado há décadas pelo reconhecimento de seus direitos nacionais”.
O jesuíta também acredita que Netanyahu é bastante sensível às críticas por parte dos Estados Unidos, embora recentemente tenha tentado desenvolver a sua própria base de apoio focando-se nas divisões internas americanas. Agora que o líder recém-reeleito claramente manifestou a sua opinião para a sociedade, a comunidade internacional deve mostrar que não compartilha desta visão e que Israel irá pagar um preço alto por ela.
Menos de um ano depois desde a visita do Papa Francisco à região, o Pe. Neuhaus disse que este pontífice continua a oferecer uma visão alternativa que se opõe fortemente às opiniões de Netanyahu e seus aliados.
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Benjamin Netanyahu reeleito. Jesuíta comenta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU