13 Março 2015
Estão contando assinaturas em San Francisco. De um lado, professores e estudantes que invocam um passo para trás do bispo, culpado de ter pedido que as escolas católicas ensinem coisas conformes ao Magistério católico. De outro, as organizações pró-vida que se inclinam do lado de Dom Salvatore Cordileone, o prelado que divulgou claramente um regulamento em que explica que não é o caso de passar horas contando aos jovens alunos que a contracepção é boa, que é certo continuar a pesquisa com células-tronco e que a lei natural não impede as uniões homossexuais.
A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada no jornal Il Foglio, 10-03-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nada de extraordinário ou de novo, o prelado logo explicou: "São todas coisas tiradas do Catecismo da Igreja Católica". A justificativa não bastou, já que o caso não se limitou a fazer a professora Jessica Hyman chorar de dor – "os nossos professores estão aterrorizados", disse ela, entre soluços sinceros –, mas também chegou ao Senado do Estado da Califórnia: oito senadores enviaram uma carta a Cordileone – que logo se tornou de domínio público – em que rotulavam as suas disposições como algo que "instiga à discriminação nas comunidades em que atuamos".
Dois desses oito foram ainda mais longe, exigindo que se abrisse imediatamente uma investigação sobre as ações da arquidiocese. O advogado de San Francisco, o católico latino Dennis Herrera, que já havia entrado em confronto com Cordileone sobre a questão do casamento gay – ele definiu como "estremecedora" a diretriz do bispo: é um documento que "não pode encontrar nenhum espaço na sociedade moderna e só serve para dificultar o trabalho dos pais católicos tencionados a incutir nos próprios filhos bons valores religiosos".
E esses valores, acrescentou Herrera em um comentário publicado no portal liberal National Catholic Reporter, não tem nada a ver com "a tentativa de ordenar que os professores se abstenham daquilo que Dom Cordileone são atos 'gravemente perversos', como a fornicação, a masturbação, as relações homossexuais e a pornografia".
Os bons valores, explica o advogado civil, são outra coisa, como a valorização do "louvável progresso no campo dos direitos civis, na ciência e no mundo em que uma sociedade mais justa afirma a dignidade das famílias não tradicionais e das minorias, antigamente visadas".
O site LifeSiteNews, o principal portal do mundo de apoio às políticas em favor da família (tradicional), já recolheu em três dias mais de 23 mil adesões à campanha em defesa do arcebispo: "Ele está apenas fazendo o seu dever paterno como guia espiritual da diocese que ele lidera, assegurando que os estudantes católicos recebam uma educação autenticamente católica. Os pais que mandam os seus filhos para as escolas católicas têm o direito de acreditar que eles são acompanhados por professores que, dependendo de como vivem as suas vidas, não minam aquilo em que acreditam", afirma o comunicado de apoio à campanha para a coleta de assinaturas.
Em defesa do prelado – que aumentou a resistência às petições contra a sua pessoa, quer pela sua escolha de aderir à Marcha pela Vida, quer pela oposição à lei sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo –, contra as fileiras de silenciosos manifestantes que se puseram em marcha rumo à catedral de St. Mary empunhando cartazes com a frase "Quem sou eu para julgar?", também se posicionou o Wall Street Journal: "A política deveria proteger a decisão do arcebispo Cordileone de assegurar que as escolas superiores católicas preservem a autêntica identidade católica. As revisões aos manuais escolares (ordenadas pelo prelado) promovem um equilíbrio entre a integridade institucional e as liberdades pessoais. E a liberdade é exatamente o que permite que todos os norte-americanos vivam em uma esfera pública diferente e civil", escreveram Ryan T. Anderson e Leslie Ford, em um comentário publicado há alguns dias.
O arcebispo, afirma-se ainda, simplesmente "explicou que a missão da educação católica é de assegurar que os estudantes recebam uma educação completa em nível intelectual, espiritual e moral. Se os professores são chamados a alcançar esse objetivo, eles devem se mostrar coerentes entre o que ensinam em sala de aula e o que eles defendem nas ruas".
Também para evitar que se multipliquem iniciativas semelhantes à do prefeito de Washington, Muriel Bowser: "Em janeiro, ele assinou aquilo que eufemisticamente se intitula de 'Human Rights Amendment Act'. Trata-se da carta que – se aprovado pelo Congresso, escreve o WSJ – obrigaria as escolas privadas religiosas a violarem aquilo em que acreditam em relação à sexualidade humana, a reconhecerem os grupos de estudantes LGBT e a acolherem nas suas sedes as paradas gays".
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Confronto contra o bispo que defende a família nas escolas católicas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU