Por: Jonas | 05 Março 2015
A história se resume assim. Em fins de 2013, o Banco do Chile, um dos mais importantes do país, concedeu um crédito de 10 milhões de dólares para a empresa Caval, sociedade pertencente a Natalia Compagnon, nora de Michelle Bachelet (foto), para realizar um negócio imobiliário na região de Machalí, na VI Região, mesmo sem cumprir as exigências que o banco exigia para um empréstimo desta magnitude. Sebastián Dávalos, filho da presidente, reuniu-se com o vice-presidente e dono da entidade financeira, Andrónico Luksic, para gerenciar o milionário montante. Segundo revelou a revista Qué pasa, no dia 16 de dezembro de 2013, um dia após o triunfo no segundo turno presidencial de Bachelet, da Caval recebeu a notícia de que o banco havia aprovado o crédito. Naquele momento, Dávalos trabalhava como gerente de Projetos da Caval. Em meados do mês passado, a sociedade vendeu os terrenos que possuía em Machalí à imobiliária Ruta 68 por 9,5 bilhões de pesos, ou seja, houve um lucro aproximadamente de 2,5 bilhões de pesos.
Fonte: http://goo.gl/JZJJoO |
A reportagem é de Christian Palma, publicada por Página/12, 04-03-2015. A tradução é do Cepat.
Como era de esperar, o questionado e milionário negócio imobiliário, que apontou para a essência do governo que defende uma luta pela igualdade de oportunidades e fez da equidade uma de suas bandeiras de luta, derivou na – tardia – saída de Dávalos Bachelet da Direção Sociocultural da Presidência (tinha o escritório no Palácio La Moneda) e dele e de sua senhora do Partido Socialista, ao qual renunciaram devido às pressões. No entanto, isso não foi tudo. A operação que contou em seu interior com tráfico de influências, especulação imobiliária e uma quantidade de dinheiro que nenhum chileno de salário médio conseguiria ganhar, nem em cem anos de trabalho, golpeou duramente a presidente do Chile, justamente no momento em que começava a despontar nas pesquisas graças à aprovação de algumas reformas centrais, como a tributária e educacional.
Neste cenário, a aprovação de Bachelet caiu cinco pontos em fevereiro, passando de 44 para 39%, e se tornou a mais baixa de seu mandato, de acordo com os resultados da pesquisa de Adimark, correspondente ao segundo mês do ano, divulgada ontem.
São assim as coisas, a doutora socialista – que afirmou que foi informada através da imprensa a respeito do negócio de seus familiares, o qual desconhecia, o que jogou mais lenha ao fogo – conta com um respaldo 10 pontos menor do que havia conseguido em seu primeiro governo (2006-2010), após doze meses no poder e três a menos do que – no mesmo período – havia conseguido o ex-presidente Sebastián Piñera.
Em sua análise, Adimark, encabeçada por Roberto Méndez, qualificou o caso Caval como uma verdadeira “bomba que explodiu nos pátios de La Moneda. No dia 6 de fevereiro, uma publicação da revista Qué pasa torna conhecidos os fatos que dominaram completamente a agenda política do mês e que produziram o que hoje, sem dúvida, constitui o mais grave tropeço da atual administração. Chama atenção que tanto a presidenta como sua equipe política continuaram suas férias, como se nada tivesse acontecido”, sustenta.
A leitura de Adimark é que “os dados parecem sugerir que o escândalo que afeta o filho da mandatária não afetou tanto a apreciação pessoal da presidenta da mesma forma como atingiu a de sua equipe, especialmente os responsáveis pela condução política”.
Após conhecer os resultados, o ministro porta-voz do governo, Alvaro Elizalde, disse que “o governo se torna responsável pela inquietude que isto gerou nos cidadãos, e estamos promovendo uma agenda muito ambiciosa para elevar de maneira significativa os padrões regulatórios e criar uma institucionalidade eficaz a respeito da relação que existe entre o público e o privado e entre a política e os negócios”.
“A presidenta resolveu formar um conselho assessor, composto por personalidades e especialistas, exatamente parar gerar propostas que nos permitam avançar em um marco regulatório mais rigoroso e uma nova institucionalidade mais eficaz”.
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Um caso que prejudica Bachelet - Instituto Humanitas Unisinos - IHU