Por: Jonas | 25 Fevereiro 2015
Peru, Uruguai, Equador e Cuba se uniram, ontem, em sua preocupação pela delicada situação que vive a Venezuela, após a denúncia de Nicolás Maduro (foto) de um plano desestabilizador e a recente prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusado de conspiração e associação para contravir. De sua parte, os Estados Unidos rebateram as acusações de Caracas de ingerência nos assuntos internos.
Fonte: http://goo.gl/EA8UEs |
A reportagem é publicada por Página/12, 24-02-2015. A tradução é do Cepat.
O governo peruano expressou que não rotulará a situação política atual na Venezuela, onde na semana passada foi preso o dirigente opositor Ledezma, mas, “sim, promoverá vias de solução pelo diálogo”, afirmou ontem seu chanceler, Gonzalo Gutiérrez. A promotoria apontou que Ledezma foi encarcerado por sua suposta vinculação com alguns estudantes venezuelanos aprisionados após sua expulsão da Colômbia, em setembro passado, e acusados de conspiração para a rebelião pouco depois.
O chanceler do governo de Humala insistiu em que não acredita que “possamos, nem devamos ceder no esforço de promover o diálogo na Venezuela”. Gutiérrez informou que os chanceleres do Equador, Colômbia e Brasil estão em conversações para promover a retomada dos contatos na Venezuela e, nesse sentido, indicou que é provável ocorrer uma reunião dos ministros de Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). “Isto não é fortuito, não é um saudação à bandeira, é a expressão de que há uma preocupação”, declarou o ministro.
“Nossa posição é de inquietude sobre o que está acontecendo. O Peru sente inquietação pelos fatos ocorridos, particularmente em torno dos fatos relacionados ao prefeito de Caracas”, acrescentou, e considerou que na Venezuela não haverá uma solução “imposta de fora”, razão pela qual a mesma deve ser alcançada pelos próprios venezuelanos, com a ajuda de países amigos.
Seu colega equatoriano, Ricardo Patiño, afirmou que defender a democracia na Venezuela é também atuar pela paz na região e disse que a UNASUL poderia ter um papel importante na solução do conflito interno nesse país.
Em uma entrevista com o canal RTS, Patiño recordou que a UNASUL já interveio em fevereiro do ano passado, quando apoiou ações que conseguiram colocar fim a uma escalada de violência política na Venezuela. Afirmou que o governo e o povo da Venezuela tem todo o ânimo para solucionar o conflito e reiterou que, por isso, a UNASUL está disposta a colaborar. Patiño faz parte de um trio de chanceleres sul-americanos designados pela UNASUL para visitar Caracas, nos próximos dias, com a finalidade de apoiar uma solução à conflituosa situação interna. “É fundamental o que a Venezuela puder fazer, assim como o que pudermos fazer para defender a democracia, que, além do mais, trata-se de defender a paz na região”, enfatizou Patiño.
De sua parte, o governo da Frente Ampla do Uruguai rejeitou “as tentativas de desestabilização” e “a ingerência externa” na Venezuela por conta da prisão do prefeito de Caracas. Em um documento que consta de seis pontos, o secretariado executivo da coalizão de centro-esquerda respaldou a “institucionalidade do povo venezuelano”, da qual surge a “legitimidade” de Maduro. A Frente Ampla demonstrou sua “confiança de que os cidadãos acusados de desenvolver ações contra a institucionalidade democrática da República Bolivariana da Venezuela contarão com todas as garantias jurídicas no marco do devido processo”.
Maduro afirmou, em meados deste mês, que havia sido frustrado um plano de golpe de Estado que, segundo ele, havia sido “traçado” de Washington e no qual haviam participado militares e dirigentes opositores venezuelanos. Nesse suposto complô foram presos sete oficiais da aviação militar, que figuram como supostos autores materiais de planos que o governante atribui a dirigentes da oposição, entre eles Ledezma, que – segundo o mandatário – contam com financiamento estadunidense. Em uma marcha de apoio ao governo, na região de Yacacuy, Maduro insistiu ontem em acusar Washington. “A embaixada dos Estados Unidos em Caracas continua procurando militares para lhes oferecer dinheiro”.
O governo norte-americano afirmou, ontem, que em suas conversas particulares com vários países da região está transmitindo a mensagem de que as acusações de Maduro sobre a tentativa de golpe orquestrado de Washington são “falsas” e “ridículas”. A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, confirmou em sua coletiva de imprensa diária que os Estados Unidos estão comentando com outros países do continente a recente acusação do presidente da Venezuela sobre o envolvimento do governo estadunidense em um plano de golpe para derrubá-lo. “O governo da Venezuela precisa deixar de culpar os Estados Unidos e outros membros da comunidade internacional por coisas que acontecem dentro da Venezuela (...). E se centrar mais nos desafios dentro de seu próprio país, porque isto é apenas um esforço para distrair”, disse Psaki.
No entanto, Cuba, estreito aliado da Venezuela, rejeitou as “ações de ingerência” dos Estados Unidos e da Organização de Estados Americanos (OEA), “que animam e promovem a subversão interna, em violação à soberania do povo venezuelano”, segundo uma declaração divulgada pela Chancelaria da ilha.
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Venezuela. Preocupação e apoio da região - Instituto Humanitas Unisinos - IHU