Por: Jonas | 29 Janeiro 2015
Os integrantes do novo governo da Grécia, cujo comando é de Alexis Tsipras, formalizaram seus cargos de maneira oficial, ontem, sendo realizada uma importante remodelação em relação à legislatura anterior.
A reportagem é de Antonio Cuesta, publicada por Rebelión, 28-01-2015. A tradução é do Cepat.
As pastas ministeriais foram reduzidas de 18 para 10, concentrando-se em quatro delas diversas tarefas para uma gestão mais coordenada. Desse modo, o Ministério do Interior incluirá os anteriores da Reforma Administrativa, Governo Eletrônico, Ordem Pública e Proteção Cidadã, ao passo que o de Economia abarcará as áreas de Fomento, Competitividade, Marinha, Turismo, Infraestrutura, Transporte e Redes. O terceiro grande ministério será o de Reconstrução Produtiva, Meio Ambiente e Energia, que englobará Meio Ambiente, Energia e Mudança Climática, por um lado, e Desenvolvimento Rural e Alimentação, por outro, sendo que o último será o de Cultura e Esporte, Educação e Assuntos Religiosos.
O governo contará, além disso, com um vice-primeiro-ministro, que terá sob a sua responsabilidade os assuntos econômicos, um ministro de Estado e um porta-voz. Cada um dos cargos contará com a figura de um ministro adjunto e um vice-ministro, sendo assim, incluindo o primeiro-ministro, o Gabinete será composto por 40 pessoas.
A nomeação do novo gabinete foi realizada na tarde de ontem, com o perfil da maioria dos nomeados causando certa surpresa. Exceto o Ministério da Defesa, o restante correspondeu a dirigentes muito destacados do Syriza. No entanto, o fato de que não haver nenhuma mulher entre eles causou certo mal-estar nas redes sociais, durante a tarde.
Seu aliado no governo, o partido conservador-nacionalista ANEL, será responsável pelo Ministério da Defesa, que contará com seu líder Panos Kammenos à frente.
Desde a proclamação dos resultados eleitorais de domingo passado, Tsipras conseguiu, em menos de 48 horas, formar um governo de coalizão, jurar o cargo de chefe de Governo, constituir seu Gabinete e formalizar a nomeação de seus integrantes.
Entre as nomeações que mais expectativas despertaram está a do professor de economia de 53 anos, Yanis Varoufakis, qualificado como “radical” por muitos meios de comunicação e dirigentes europeus, e agora ministro das Finanças. Em uma recente entrevista concedida ao jornal La Repubblica, Varoufakis vinculou o pagamento da dívida ao crescimento da economia grega a partir de certos níveis e, além disso, esboçou os principais pilares econômicos do novo governo. Em relação às reformas, o agora ministro as vinculou ao controle da oligarquia e da cleptocracia no mundo do trabalho, mas sem destruir o tecido social, nem vender as empresas nacionais. Por último, considerou que o investimento necessário para reativar a economia grega deveria ser cofinanciado pelas instituições financeiras comunitárias.
Dispostos a governar o quanto antes
Apesar do fato de que até o próximo dia 5 de fevereiro não será constituído o Parlamento, hoje, quarta-feira, haverá o primeiro conselho de ministros da legislatura. A formalidade, como as gravatas, parece não se casar com o novo gabinete. Espera-se que de seu primeiro encontro emanem as primeiras diretivas de governo.
De qualquer modo, o ministro do Trabalho, Panos Skourletis, já anunciou antes de jurar o cargo quatro medidas de aplicação imediata: a retirada da atual norma sobre contratos, a derrogação da lei que permite as demissões coletivas, a restauração do salário mínimo em 751 euros e dos convênios coletivos.
O vice-ministro da marinha, Teodoros Dritsas, também anunciou que a privatização em marcha do porto de Pireu ficaria paralisada a partir daquele momento.
Outras medidas que se espera que sejam aplicadas o quanto antes são as relacionas com a luta contra a “catástrofe humanitária”, destinando para isso 1,2 bilhões de euros e a aprovação de uma lei que permitirá que 300.000 lares que vivem abaixo da linha da pobreza recebam eletricidade gratuita. Igualmente se quer implantar o denominado plano de mobilidade e os processos de avaliação dos funcionários públicos, o que permitirá a readmissão de muitos deles, cujos postos de trabalho haviam sido eliminados.
Também se prevê a reabertura da Rádio-Televisão da Grécia (ERT), cujo fechamento ocorreu no dia 11 de junho de 2013 e que foi executado em poucas horas pelo governo conservador de Antonis Samarás, com a finalidade de receber ajuda econômica dos credores em troca da demissão fulminante de 2.600 trabalhadores. Segundo um dos trabalhadores que atualmente continuam produzindo a programação de rádio e televisão por meio de internet, o plano previsto pelo executivo é o de contratar toda a antiga equipe mais a que faz parte da atual cadeia estatal (Nerit) e que comecem as transmissões em um prazo de 40 dias.
O governo de coalizão também acordou a formação de uma comissão de investigação no Parlamento para analisar as circunstâncias que obrigaram a Grécia a assinar seu primeiro plano de resgate, em 2010, e a forma como a dívida aumentou de forma exponencial.
Para hoje está previsto o primeiro conselho de ministros e na quinta-feira o novo governo receberá sua primeira visita oficial: o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, virá a Atenas.
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Tsipras volta a surpreender com o novo governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU