27 Janeiro 2015
Yanis Varoufakis disse ao programa Today, da rádio BBC 4, que existe "espaço para ganhos e benefícios mútuos" nas negociações entre a Grécia e seus credores internacional - principalmente organismos internacionais como a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional.
A reportagem foi publicada pela BBC Brasil, 26-01-2015.
"Não iremos a Bruxelas ou Berlim com a postura de confronto. Há muito espaço para ganhos e benefícios mútuos. Não devemos medir esforços para encontrar este espaço e garantir que qualquer acordo que negociarmos com nossos parceiros seja para o benefício de todos na Europa", disse Varoufakis.
"Levaremos à zona do euro um plano para minimizar o custo do colapso da Grécia. Colocaremos três ou quatro coisas na mesa: reformas genuínas e a criação de um plano racional para resstruturação da dívida... queremos atrelar nossos pagamentos ao nosso crescimento", disse Varoufakis.
O Syriza conquistou a vitória na Grécia com a promessa de renegociar a dívida do país, tornando-se o primeiro partido antiausteridade a chegar ao poder na zona do euro e alimentando dúvidas sobre a permanência grega no bloco.
Insatisfação
O discurso gerou incerteza sobre como ficará a relação entre a Grécia e o resto da UE.
O país recebeu 240 bilhões de euros (quase R$ 700) da União Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional. Após a vitória, Tsipras disse que a troika de credores internacionais é "coisa do passado para os gregos".
Os mercados reagiram com cautela à vitória do Syriza. Ao longo da manhã, nos mercados financeiros, o euro se recuperou após cair ao menor valor frente o dólar em 11 anos.
Nos últimos anos, a economia grega encolheu 25%, o desemprego chegou a 26% - sendo de 50% para os jovens - e milhares de gregos caíram para abaixo da linha da pobreza. O descontentamento com esse cenário foi o que impulsionou o apoio ao Syriza.
Tsipras chegou ao poder na Grécia prometendo reverter as políticas de austeridade impostas em troca de ajuda bilionária
Entre as propostas de Tsipras, estão uma renegociação da dívida externa da Grécia, que atualmente corresponde a 175% do seu Produto Interno Bruto (PIB), e a reversão de medidas de austeridade adotadas pelo país como parte dos acordos com UE, BCE e FMI.
Entre as promessas do Syriza, estão aumentar o salário mínimo, restaurar a eletricidade onde ela foi cortada e oferecer cobertura de saúde para os desamparados.
Yaroufakis rebateu os criticos que duvidam que o partido conseguirá cumprir as promessas.
Cumprir regras
Reagindo à vitória do Syriza, Jeroen Dijsselbloem, ministro de Finanças holandês e chefe do grupo de ministros da Fazenda da zona do euro, disse que o novo governo grego não encontrará apoio entre autoridades do bloco para o cancelamento da dívida.
"A coisa mais importante é que, se você permanecer na zona do euro, deve cumprir as regras que temos. Esta é a verdade para todos os países", disse ele a repórteres.
"Já tem havido uma grande flexibilização da dívida. Nos próximos anos, o juro para a Grécia será muito baixo. Eles ganham um bom tempo para pagar os empréstimos, então a questão é saber existe algo a mais a ser feito", disse.
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Saída grega da zona do euro 'não está em jogo', diz cotado para Finanças - Instituto Humanitas Unisinos - IHU