18 Janeiro 2015
Desviando-se da homilia preparada para a sua missa na cidade de Tacloban, na manhã de sábado, 17 de janeiro, o Papa Francisco disse aos sobreviventes da catástrofe que ele "não tinha mais palavras" para expressar a sua solidariedade àqueles que perderam seus entes queridos por causa do supertufão Yolanda (Haiyan) em 2013.
A reportagem é de Katerina Francisco, publicada no sítio Rappler, 17-01-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No entanto, o pontífice argentino, que quisera que essa sua viagem de um dia a Visayas fosse o centro da sua visita, ficou em silêncio enquanto ouvia os cerca de 30 sobreviventes compartilharem as suas histórias pessoais de perda e dor.
Em uma coletiva de imprensa em Manila, na noite de sábado, o arcebispo de Manila, cardeal Luis Antonio Tagle, disse que o Papa Francisco ficou "reduzido ao silêncio" e apenas balançava a cabeça enquanto os sobreviventes contavam as suas histórias durante um almoço na residência do arcebispo em Palo, Leyte.
Falando aos repórteres várias horas depois que o papa encurtou a sua viagem a Leyte devido a uma tempestade, Tagle se encheu de lágrimas ao recordar o "encontro íntimo".
"Nunca vou esquecer o rosto do Santo Padre. Você podia vê-lo apenas balançando a cabeça", disse Tagle.
"Diante dessas 30 pessoas, o próprio papa ficou reduzido ao silêncio. Eram a comunhão e a solidariedade que acontecem em silêncio", acrescentou.
Tagle disse que, quando perguntou ao papa se ele queria dizer algumas palavras aos sobreviventes, o papa disse: "O que podemos dizer?".
Foi um sentimento semelhante à homilia que ele proferiu em uma missa ao ar livre, no aeroporto de Tacloban, onde ele aterrissou na madrugada de sábado, apesar de uma tempestade que se aproximava.
Vestindo uma capa de chuva amarela – semelhante às vestidas pelas milhares de pessoas que compareceram para assistir à missa –, o papa disse à multidão: "Muitos de vocês perderam tudo. Eu não sei o que lhes dizer. Mas o Senhor sabe o que lhes dizer".
"Esta visita é para mim"
Os eventos do Papa Francisco em Leyte – o destaque da sua visita de cinco dias – tiveram que ser apressados, porque o piloto havia aconselhado o Vaticano a voar para Manila às 13h, antes que a tempestade tropical Amang atingisse o local.
Apesar do mau tempo, Tagle disse que o papa tentou o seu melhor para "atender a todas as expectativas" ´da sua viagem a Leyte, até mesmo encontrando um tempo para parar na casa de uma família pobre.
Tagle disse que era a primeira vez que o papa celebrava a Santa Missa vestindo uma capa de chuva, mas o papa insistiu em manter uma missa ao ar livre depois de ver as multidões encharcadas à espera dele.
"O papa disse: 'Eu estou aqui para mostrar solidariedade. Se o povo se sacrificou sob a chuva, por que o pastor não vai estar com eles?'", afirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, citando as palavras do papa.
Lombardi acrescentou: "Essa experiência de celebrar a missa com uma tempestade tem um profundo significado para o papa, porque essa é exatamente a experiência do povo".
Durante a missa, o papa pôs de lado uma homilia preparada e proferiu a sua mensagem em espanhol, com um assessor traduzindo para o inglês.
Lombardi disse que o papa faz isso sempre que ele "sente a emoção e a força para se expressar mais espontaneamente".
Tagle acrescentou que o papa "mostrou o coração de um pastor" quando decidiu "falar do coração".
Ele também disse que, quando perguntou ao papa como ele estava se sentindo depois de se encontrar com os 30 sobreviventes na residência do arcebispo, Francisco respondeu: "Essa visita é realmente para mim. Estou aprendendo".
O pontífice também disse que dedicaria a sua missa no Rizal Park, neste domingo, 18 de janeiro, para aqueles que morreram durante o supertufão Yolanda. O governo estima que mais de 6.000 pessoas morreram devido à tempestade.
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Um papa ''reduzido ao silêncio'' ao ouvir as histórias dos sobreviventes do furacão Yolanda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU