11 Dezembro 2014
A Dinamarca é o país mais eficiente em matéria de combate ao aquecimento global, seguida pela Suécia e pelo Reino Unido, segundo a classificação publicada pelo think tank Germanwatch e pela rede de ONGs Climate Action Network-Europe, na segunda-feira (8), em Lima, paralelamente às negociações climáticas.
A reportagem é de Laurence Caramel, publicada pelo jornal Le Monde, 10-12-2014.
A França ocupa o 12º lugar e caiu duas posições em relação ao ano passado. A importância que ela dá às energias renováveis é considerada pequena demais. O "climate performance index" classifica há dez anos os 58 maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta. Ele leva em conta a evolução das emissões, o desenvolvimento de energias renováveis e os esforços realizados em matéria de economia de energia.
O ranking começa com três posições em branco porque "nenhum país fez o suficiente para combater o aquecimento climático", avaliam as duas organizações, ainda que estas louvem "uma tendência global que permite entrever uma transição nos grandes setores de ação para a proteção do clima". Primeira da lista, a Dinamarca foi recompensada porque ela encarna "o exemplo de um país industrializado que não faz somente promessas, mas se mostra capaz de aplicar uma política ambiciosa no domínio das energias renováveis".
Arábia Saudita, Austrália e Canadá: últimas colocadas no ranking
Dos 58 países, somente 12 receberam menções positivas. Entre eles, o Marrocos é o único país em desenvolvimento. Seu mérito não foi somente por ter desenvolvido um dos maiores programas de energia solar do mundo --o complexo de Ouarzazate, no Saara--, mas também por ter começado a reduzir os subsídios concedidos às energias fósseis.
A Arábia Saudita, a Austrália e o Canadá continuam na lanterna do ranking. As mudanças de atitude do governo conservador australiano fizeram o país cair 21 posições no ranking, dando-lhe o triste privilégio de desbancar o Canadá como "o pior país entre as nações industrializadas".
As ambições do reino saudita em matéria de energia solar são consideradas hesitantes demais para convencer que algo realmente está mudando no país petroleiro, que detém um dos mais altos níveis de emissões por habitante. Os dois maiores poluidores do planeta, a China e os Estados Unidos, estão ombro a ombro e ocupam o 44º e o 45º lugares, com um desempenho considerado "ruim" de forma geral.
Aquecimento próximo de 4 graus Celsius até o final do século
Na segunda-feira, em Lima, as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa anunciadas ao longo das últimas semanas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pela China também passaram pela primeira vez por uma avaliação em números. Elas permitiriam desacelerar o aumento das temperaturas entre 0,2% e 0,4% até 2100, segundo o estudo publicado pela Climate Action Tracker (CAT). Mas o esforço dos três blocos, que sozinhos representam 53% das emissões mundiais, não basta para limitar o aquecimento de 2 graus Celsius, limite considerado perigoso pelos cientistas.
Os compromissos em números assumidos pelos países em desenvolvimento e pelos países industrializados desde a conferência de Copenhague em 2009 levariam a um salto das temperaturas mundiais de somente 3 graus até o fim do século, segundo o centro de pesquisas. Contanto que os governos cumpram suas promessas, o que não tem sido o caso até o momento. A perspectiva continua sendo de um aquecimento próximo a 4 graus Celsius.
Adiantando-se ao anúncio das contribuições esperadas até a primavera no hemisfério norte por todos os países envolvidos na negociação do acordo que poderia ser assinado em Paris até o final de 2015, a União Europeia estabeleceu como meta para si reduzir em 40% suas emissões até 2030 em relação a 1990, e os Estados Unidos, em 26%-28% até 2025 em relação a 2005. A China, por sua vez, prometeu colocar um teto em suas emissões "por volta de 2030".
"A China é capaz de atingir esse objetivo, ainda que para nós nem tudo esteja claro sobre a maneira como ela contabiliza suas emissões", acredita Niklas Höhne, um dos especialistas da CAT. No entanto, ele acredita que se a China almejasse um teto para suas emissões cinco anos antes, poderia se encaminhar para os 2 graus Celsius. O tema certamente será alvo de acaloradas discussões durante os próximos meses. O acordo fechado entre os Estados Unidos e a China está longe de ser considerado pelos negociadores um assunto encerrado.
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Dinamarca é a mais exemplar no combate ao aquecimento global - Instituto Humanitas Unisinos - IHU