06 Dezembro 2014
A Igreja Ortodoxa Russa continua tendo reservas em relação a um eventual encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill I.
A reportagem é de Anna Latron, publicada por La Vie, 05-12-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Embora o papa, depois de voltar deda recente viagem à Turquia, disse que estava pronto para se encontrar com o patriarca "onde ele quiser e quando ele quiser", Moscou considera que o problema da Igreja greco-católica na Ucrânia – unida a Roma – continua sendo um obstáculo de fundo.
Em uma entrevista concedida à agência Ria Novosti e retomada pela agência Apic, Alexander Volkov, porta-voz do Patriarcado de Moscou, no entanto, acolheu com favor os esforços ecumênicos do Papa Francisco e expressou a opinião de que a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa são "parceiras estratégicas" para a difusão dos valores cristãos no mundo.
Volkov repetiu as críticas de Moscou à Igreja greco-católica na Ucrânia, cujas relações com o Patriarcado de Moscou estão particularmente tensas. Segundo ele, ela apoiaria os ortodoxos cismáticos do "Patriarcado de Kiev" contra os ortodoxos unidos à Igreja Russa.
O Patriarcado de Moscou espera que a Igreja greco-católica se mantenha alheia ao conflito político na Ucrânia. O que permitiria criar condições melhores para um diálogo com a Igreja Católica, também em vista de um encontro entre o Patriarca Kirill I e o Papa Francisco.
Segundo Alexandre Volkov, a preparação de uma cúpula permanece, contudo, na pauta de ambas as Igrejas. Diversos especialistas questionados pela agência russa Tass (agência oficial soviética) dizem-se "céticos" sobre a possibilidade de um encontro entre Francisco e Kirill "em um futuro próximo".
Em um artigo publicado no dia 2 de dezembro, a sua opinião é que "a Igreja greco-católica da Ucrânia não é o único problema". Segundo Alexei Makarkin, vice-diretor do Centro de Tecnologias Políticas (CPT), um instituto de pesquisa com sede em Moscou, a atitude da "ala conservadora dos fiéis e do clero da Igreja Ortodoxa Russa" é um obstáculo muito forte.
Estão "muito desconfiados, e a sua atitude em relação ao catolicismo é negativa. Para o público ortodoxo, a palavra 'ecumenismo' é um rótulo negativo", diz.
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Francisco e Kirill: é improvável um encontro em um futuro próximo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU